Gente Folgada

Tem gente muito folgada

Que gosta de se encostar
Leva uma vida abastada
Seu irmão sempre a  explorar
casimira toda sexta;
 vive assim, com toda pompa!
Se encontrar alguma besta
Cavalo mesmo não compra

Ele tem casa bonita
De seu, não gasta vintém
A fartura, diz bendita
Roupas de grife ele tem
Sua fama é indigesta
E de todos ele zomba;
Se encontrar alguma besta
Cavalo mesmo não compra
 
 
Se ele come uma sardinha
Conta que comeu salmão,
Sempre a mesma ladainha
Se gabando o fanfarrão
Básica é a sua cesta
Mas de bacana ele “ronca”.
Se encontrar alguma besta
Cavalo mesmo não compra.
 
Tem um rei em sua barriga
Só enxerga a cor do cobre
Mas vive fazendo figa
Para deixar de ser pobre.
Em fogo brando ele cresta
O pãozinho de recompra;
Se encontrar alguma besta
Cavalo mesmo não compra.
 
Anda pedindo emprestado
Para parecer o tal
O carrão é do cunhado,
Roupa do Brechó Varal.
Só a cabra ele encabresta
E “namora” ela na sombra.
Se encontrar alguma besta
Cavalo mesmo não compra.

Nota: 
Gente, este cordel é uma parceria minha com o grande poeta do site Luiz Moraes. Obrigada por aceitar o convite, é uma honra poder fazer esse dueto com você, Luiz!

Nota II: Há mais um soneto de Florbela recitado por mim em minha página de áudios, A Nossa Casa, quem quiser ouvir, clique no link abaixo:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/poesias/74152
Ariadne Cavalcante e Luiz Moraes
Enviado por Ariadne Cavalcante em 03/04/2017
Reeditado em 03/04/2017
Código do texto: T5960352
Classificação de conteúdo: seguro
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