Frei Dimão exorta às provações

De meu Templo os vendilhões

farei questão de expulsar

e mandá-los-ei aos grilhões

do inferno, forja sem par

E todo sepulcro caiado

eu mandarei descascar

diante dum rijo prelado

que ninguém ouse tretar

Ao egrégio ministro Moraes

mandarei os recalcitrantes

ele que é muito, e demais,

reporá o Quartel de Abrantes

Esse feirante atrevido

que encarece a macaxeira

será o primeiro punido

algema e tornozeleira

Quanto à musa do Recanto

que não sai de Araçatuba

farei verter amargo pranto

por pôr Jucá na suruba

Quitutes de Kathmandu

bem a fundo, investigados,

serão banquete em Bangu

para apagarem pecados

E vou mandar obturar

o dente único de Gog

no Apocalipse sem par

quero é que o ganso se afogue

Os poemas erotizantes

da ninfa de Fortaleza

eu desfrutarei o quanto antes

quando a pica for lá tesa

Esse meu humilde cajado

esculpido no pau-santo

espero será osculado

por Norma com beijo santo

E jamais permitirei

que quem ao Harém tiver ido

venha passando por santo

por tanto ter currompido...

Páscoa requer sacrifício

e a mais completa abstinência

e quem tiver orifício

que PECque na imPrevidência

Está duro ser Pastor

de ovelhas tão tresmolhadas

porriço, lanço um clamor

pra que sejam imoladas

E cuidado com a serpente

que por anjo quer passar

manterei Janaína à frente

pra feroz, a pisotear...

Ao céu todos levarei

ao cabo das peni(s)tência

mas aquele que folgay

leva círio com todardência...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 31/03/2017
Reeditado em 31/03/2017
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