O MEU RIMANCEIRO * O PALANQUE

O palanque costumeiro

pode erguer-se em qualquer praça,

donde o verbo do embusteiro

vende a quem está ou passa

o produto milagreiro.

Para os calos é pomada;

para os calvos é loção;

e para a vida azarada,

que anda sempre em contra mão,

uma cautela premiada.

No desencontro do amor,

faz a leitura da sina:

Estenda a mão, por favor!

Esta linha muito fina.

pobre dela, está sem cor!

Não tem de que se afligir.

Eu tenho o que lhe convém.

Vai tomar este elixir,

que logo, logo, o seu bem,

nos seus braços vem cair.

No nosso amado país,

há remédio para tudo:

este mesmo que ontem fiz,

veja que até leva o mudo

a pensar o que não diz…

José-Augusto de Carvalho

Alentejo, 27 de Março de 2017.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 28/03/2017
Reeditado em 03/03/2018
Código do texto: T5954450
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