O MEU RIMANCEIRO * O PALANQUE
O palanque costumeiro
pode erguer-se em qualquer praça,
donde o verbo do embusteiro
vende a quem está ou passa
o produto milagreiro.
Para os calos é pomada;
para os calvos é loção;
e para a vida azarada,
que anda sempre em contra mão,
uma cautela premiada.
No desencontro do amor,
faz a leitura da sina:
Estenda a mão, por favor!
Esta linha muito fina.
pobre dela, está sem cor!
Não tem de que se afligir.
Eu tenho o que lhe convém.
Vai tomar este elixir,
que logo, logo, o seu bem,
nos seus braços vem cair.
No nosso amado país,
há remédio para tudo:
este mesmo que ontem fiz,
veja que até leva o mudo
a pensar o que não diz…
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 27 de Março de 2017.