Um Deputado Amigo Meu

Um deputado amigo meu,

Que atua na esfera federal,

Falou-me de sua tristeza,

E de como ele passa mal.

Com o seu salário irrisório,

Levando a vida de simplório,

Em Brasília, nossa capital.

Disse-me: o meu sofrimento

O amigo não pode avaliar!

Quando recebo o meu salário,

São tantas as contas a pagar,

Que sou capaz de ficar maluco.

Logo penso: Como Nabuco

Aceitou ser parlamentar?

Imagine meu caro amigo,

Quão horrível é meu sofrer!

O que percebo nunca dar

Nem para sobreviver.

É muito pouco meu progresso,

Eu vou convocar o Congresso

Para meu salário rever.

Aquele amigo me convenceu,

Deixou-me bem penalizado;

Porque eu vivo numa boa

E bastantemente folgado.

Ao saber seu estado chorei,

Todas as suas contas paguei,

Para deixá-lo mais sossegado.

Eu ganho um salário mínimo!

Não acho justo deixar sofrendo,

Meu pobre amigo deputado,

Que estava quase morrendo.

Sem poder comprar comida,

Com a família desnutrida,

E o pobre coitado devendo.

Eu sonhava ser deputado,

Mas já fiquei desiludido.

Desde que este grande amigo

Falou-me assim, tão ressentido,

Do seu salário de miséria,

Dos desgastes da matéria,

Que tirei isto do sentido.

Não quero mais ser parlamentar,

Porque vivo aqui muito bem.

No meu big apartamento,

Eu não preciso de ninguém.

Com o meu mínimo no bolso

Minha vida é um colosso,

Só exibo notas de cem.

Sebastião Barros
Enviado por Sebastião Barros em 25/03/2017
Código do texto: T5951533
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.