NA PORTA DO CABARÉ
NA PORTA DO CABARÉ
Miguezim de Princesa
I
Reunido em Brasília,
Por detrás da comissão,
Um grupo se debatia
Com uma encrenca na mão:
Como ia distribuir
Um baú com 1 bilhão.
II
Disse um político famoso:
- Isso não é bronca, não!
Vá separando os pacotes,
Cada um com 1 milhão
Que não falta quem receba
De Brasília ao Maranhão.
III
- Pegue esse pacote e leve
Para o Shopping Manaíra,
Na Barraca do Pau Mole,
Onde se conta mentira,
Chegue ligeiro por trás
E entregue o pacote a Bira.
IV
- Ajeite o vereador
No bar de Maria Socó,
Peça uma cana, encoste nele
E fique olhando pro sol,
Depois deslize o dinheiro
No bolso do paletó.
V
- Para aquele senador,
Irmão de Matusalém,
Que já morreu, mas não sabe;
Foi, mas voltou do além,
Entupa uma caixa de uísque
Toda com nota de 100.
VI
- Sempre que for entregar,
Se faça de idiota;
Se aparecer polícia,
Fique fazendo marmota,
Como fazia Mané Gato
Lá no muro de Carlota.
VII
- Metade desse baú
Vai para a situação;
Para a coluna do meio,
Vá lá e aperte a mão,
E o resto do dinheiro
Alegre a oposição!
VIII
- O PT fica com uma parte,
PSDB também,
O Demo e outros menores
Também gostam de xerém,
Só o povo é que se lasca
Na porteira do sedém!
IX
Ainda sobrou dinheiro,
Não tinha mais onde entregar:
- No meio da rua não pode -,
A turma pôs-se a pensar,
Quando um grande executivo
Descobriu onde levar.
X
Para o chefe dos políticos
Do partido lé- com- cré,
Esse dinheiro que era
Para o Hospital São José,
Pra Creche Dedo Mindinho,
Pro Açude Canindé,
Faça um pacote arrochado
E entregue ao condenado
Na porta do cabaré!