Embate entre o melão e o mamão
Que pensas fazer à mesa
ó simplório amarelão,
não mereces a nobreza
pois não passas dum mamão?
É na minha singeleza
que me provo essencial
ligeirinho chego à mesa
vindo de qualquer quintal
Sobre ti, trago vantagem,
sem vir de qualquer biboca
mira só mi'a bela imagem
a meu lado, és um boboca
Sou comum, reconheço,
porém eu jamais falho,
é bem baixinho, meu preço
não sou de dar trabalho
Eu me sinto distinguido
vindo em redinhas, até,
como iguaria, conhecido,
dou nas ramas, não no pé
O ar mais puro, que respiro
faz-me saudável, altaneiro
e cá das alturas, te miro
de natureza, és rasteiro
Eu facilito a colheita
e sou de agrado do patrão
de constituição perfeita
agrado boca e visão
Posso até ser meio disforme
porém não fico atrás não
na mi'a utilidade enorme
faço bem à digestão
Nas mesas nobres estou
para usos ilimitados
até pra saladas vou
dando conta dos recados
Se a nobreza me rejeita
e a ti faz reverência
co'a pobreza que me aceita
mais me apraz a preferência...
Tens essas pretas sementes
que te enfeiam, não imaginas,
as mi'as, branquinhas, pras gentes
demonstram ser das mais finas
Tuas brancas só lixo são
já as minhas pretas, remédio
e dou cabo à discussão
a mim só me trazes tédio...