O MEU RIMANCEIRO * Advertência

(Arrumando textos antigos e dispersos)

QUE VIVA O CORDEL!

Advertência

Quem és tu que não conheço

e me dizes conhecer-me?

Eu sou e aqui permaneço

neste dever de dever-me.

Conheceste-me, talvez,

no princípio da jornada,

quando o tempo da nudez

era sonho e madrugada.

Ou quando o tempo da usura

o verbo me retraía

e a treva da noite escura

os meus passos protegia.

Ou quando as banalidades

se exibiram sem decoro,

numa feira de vaidades

de histeria e desaforo.

Eu sou, no alor que persiste,

só mais um que, nesta estrada,

não se cansa nem desiste

de cumprir a caminhada.

E tu? Serás o comparsa

que, mimético no agir,

em cada farsa disfarça

a tragédia de trair?

Viana*Évora*Portugal

8 de Janeiro de 2000.

José-Augusto de Carvalho

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 18/03/2017
Reeditado em 03/03/2018
Código do texto: T5944682
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