O MEU RIMANCEIRO * Advertência
(Arrumando textos antigos e dispersos)
QUE VIVA O CORDEL!
Advertência
Quem és tu que não conheço
e me dizes conhecer-me?
Eu sou e aqui permaneço
neste dever de dever-me.
Conheceste-me, talvez,
no princípio da jornada,
quando o tempo da nudez
era sonho e madrugada.
Ou quando o tempo da usura
o verbo me retraía
e a treva da noite escura
os meus passos protegia.
Ou quando as banalidades
se exibiram sem decoro,
numa feira de vaidades
de histeria e desaforo.
Eu sou, no alor que persiste,
só mais um que, nesta estrada,
não se cansa nem desiste
de cumprir a caminhada.
E tu? Serás o comparsa
que, mimético no agir,
em cada farsa disfarça
a tragédia de trair?
Viana*Évora*Portugal
8 de Janeiro de 2000.
José-Augusto de Carvalho