A DIVISÃO DO BOI
Miguezim de Princesa
I
O partido combinou
Com o fiscal impoluto:
- Dê carne podre pro povo,
Que eu quero o dinheiro bruto;
Pode fazer vistas grossas,
Autorizando o produto!
II
Fizeram uma reunião,
Começou um foi-não-foi,
O líder do centro-oeste
Levantou-se e disse: - Oi,
Já é hora, companheiros,
De dividir esse boi!
III
- O filé pro presidente,
Alcatra pro secretário,
Um pouco de rebotalho
Pode dar para o mesário,
O chifre é do eleitor
Pra deixar de ser otário!
IV
Rosbife pro deputado,
Cupim pro vereador,
Uma picanha gordurosa
Reserve pro senador
E deixe o rabo pro povo
Pra servir de abanador!
V
Separaram o coxão mole
Para o líder do partido;
Para o cabo eleitoral
Deram um lagarto partido,
E quem balança a bandeira
Ganhou miúdo mexido.
VI
Foram dividir o frango
Para a turma do fiscal:
Deram o couro do pescoço
À filha de Juvenal
E a ponta do sobrecu
Pro povo comer sem sal.
VII
Mandaram os pés de galinha
Para a turma do panfleto,
Teve um churrasco de asa
Lá pras bandas do coreto,
Onde o povo se esbaldou
Balançando o esqueleto.
VIII
Nisso chegou Tony Ramos
Com a cara de fadiga,
Com o riso meio forçado
De quem limpou com urtiga,
Quando alguém gritou: - É ele
E tá com dor de barriga!
IX
Na festa Roberto Carlos,
Depois de comer filé,
Começou a passar mal
(“Jesus, Maria e José!”),
Foi tão grande a agonia
Que ele esqueceu o pé.
X
No fim Júnior da Friboi
Fez uma grande saudação:
- Minha carne é de primeira,
O futuro da nação;
Quem estiver com caganeira
Corra pro Bar do Pirão,
Que urna não é penico,
É só xeleléu de rico
Quem gosta de eleição!