Minha triste história
Ainda me lembro do lugar donde nasci
Com pai e mãe aos 12 anos me criei
Depois com 13 da minha terra parti
Quando a mamãe dos meus olhos derramai
Eu fui mimbora para uma terra distante
Fiquei longe num instante
De toda mia parentela.
A minha mãe foi morar com os mortais
Depois que entrou nos portais
Nunca mais que eu vi ela.
Noutro estado de nossa federação
Eu fui morar na intenção de estudar
Chegado lá fui apanhar algodão
E o meu sonho eu tive de adiar.
Ainda me lembro quando era tardizinha
Dentro duma camarinha
Meus olhos ia derramar
Toda saudade queu tinha dos meus irmãos
Que ficaram no sertão
Do meu querido lugar.
De manhã cedo depois de eu levantar
Ia pra cacimba com balde água buscar
Inda era cedo quando eu ia merendar
Ia pro roçado ao invés de ir studar.
Mas como eu tava lá morando de favor
Comendo seja o que for
Na casa da minha tia.
Não reclamava da minha situação
Fingia satisfação
Mas toda noite eu gemia.
Da minha casa donde eu nasci e me criei
E da mamãe, do papai e meus irmão
Lá na Bahia toda noite eu chorei
Só de saudade transbordava o coração.
Lá pra setembro papai daqui viajou
O caçule le levou
Pra onde eu tava morando.
Chegou de noite inda lembro, de surpresa
Dismanchou minha tristeza
E fui logo lhe abraçando.
Passou o tempo e a saudade aumentou
E o papai fez uma arrumação
Pegou a mulher que com ela se ajuntou
E vei pegar o resto dos meus irmão.
Lá pra Bahia no ano de 86
Só não me lembro do mês
Em que eles viajaram
A alegria invadiu meu coração
Ao abraçar cada irmão
Depois que eles chegaram.
Fomos morar com nosso pai novamente
Mas, a mamãe ela não pôde voltar
A nossa vida não podia ser contente
Porque papai pra nós não tava a ligar.
Nossa madrasta tinha dele permissão
De descer o cinturão
No nosso pobre espinhaço.
Inda achou pouco fez pra ela ua palmatória
Quando ela descia a tora
Ficava na mão o inchaço.
Mas, felizmente papai quis nos escutar
Pra nossa terra resolveu de vim embora
Papai vendeu o pouco que tinha lá
Agradeci nosso Deus, nossa Senhora.
Nossa madrasta pra cá ela vei também
Mas não se deu muito bem
Dende de nossa parentela
Em pouco tempo a cabeça dele fez
Não passaram nem um mês
Ele foi embora com ela.
Aqui ficamos na casa de seus parentes
Na casa dum, na casa doutro nos deixou
E os seus primos foi quem criou essa gente
Hoje acredito que foi Jesus quem mandou.
E nós crescemos cada um no seu lugar
Nunca mais no mesmo lar
Nós ficamo eternamente
Depois casamo e nossa vida levamo
Cada dia labutano
E tamo com Deus contente.
Eu agradeço cada um que ajudou
Na criação desses filhos dos meus pais
Eu acredito que Jesus abençoou
Por cada um sou feliz até demais.
Tia Raimunda, tio Antonio e tia Toinha
O vovô e vovozinha,
Tia Socorro e Margarida.
E a Tereza e a Laura do seu Sé
Por vocês eu tenho fé
Que Deus vai vos dar guarida.
Tem outros filhos que Jesus autorizou
Pois são seus anjos que na terra ele tem
E cada um Deus já os santificou
Pra neste mundo viver pra fazer o bem.
Quem nos fez mal quando a gente era pequeno
Quiseram nos dá veneno
Pra viver envenenados
Nosso perdão nós já demos a vocês
Pelo bem que Deus nos fez
Pois tudo é seus filhos amados.
Carlos Jaime. 11/03/2017