TRIBUTO À MULHER
Por Gecílio Souza
Hoje a minha homenagem
Tem o mais nobre destino
É à mulher, a simbiose
Do humano com o divino
Matriz da espécie humana
Sob a qual eu me inclino
Sentido e razão de ser
Do físico vigor masculino
Ela é o mais “santo” “pecado”
Com seu glamoroso refino
Confere ao homem o papel
De coadjuvante, interino
Ela é toda a natureza
Centro Universal de Ensino
Em todas as demais espécies
Reverencia-se o feminino
Nesta data que é só sua
Até o sol namora a lua
Num enlace matutino
Este tributo que assino
Constitui-se em documento
Uma declaração de amor
Que surge como um rebento
Gestado no colo da alma
Nascido no pensamento
Endereçado à Mulher
A título de reconhecimento
Sem o seu significado
O mundo seria cinzento
Seríamos vítimas do tédio
A vida seria um tormento
Os arroubos passionais
Perderiam seu incremento
Não haveriam as controvérsias
Que permeiam o casamento
Inexistiria o hétero éros
E o sensual envolvimento
Sem a presença da mulher
Não haveria vida sequer
Debaixo do firmamento
Excelso é o merecimento
De homenagens e tributos
A Mulher deveria dar nome
Aos templos e aos viadutos
A revência mais pertinente
É que os homens lhe sejam justos
Que todos reconhecessem
Seu valor, seus atributos
Revisassem a cultura
Que potencializa os insultos
Penalizassem os misóginos
Não lhes concedessem indultos
Pois são elas as fortalezas
Na gestação e nos lutos
São sensíveis e não frágeis
Como as definem os matutos
Se firmam num mundo másculo
De homens grosseiros e estultos
Elas equilibram o mundo
Dando-lhe sentido profundo
Doam vida e geram frutos
Mulheres são os grandes vultos
Que formam o melhor time
Do afeto e da singeleza
Fonte do amor mais sublime
Sua compleição nos condena
Sua ternura nos redime
No coito e na maternidade
O seu amor se exprime
No âmago de nossa alma
Sua marca ela imprime
Confere suavidade
Ao mais desumano regime
Débil é qualquer sistema
Que ainda lhe oprime
A cultura que lhe avilta
Da culpa não se exime
O machismo galopante
É repugnante, é crime
A Terra se fez mulher
O que fez e o que fizer
A história não suprime
Num mundo que lhe comprime
Chora, ama e procria
Está presente no mito
Na literatura e na poesia
Na música e na religião
Na política e na filosofia
As mais famosas da história
Formam grande galeria
Xantipa, Eva e Cleópatra
Pandora, Pítia e Maria
Atena, Mitra e Jocasta
Safo, Afrodite e Higia
Gaia, Héstia e Helena
Figuras da mitologia
Maria Quitéria e Irmã Dulce
Que honraram a Bahia
Joana D´arc e Madre Teresa
Que o mundo reverencia
Evita Peron, na Argentina
Em Goiás, Cora Coralina
De singular sabedoria
Extensa é a bibliografia
Impressionante e bacana
Mulheres míticas e reais
Formam a espécie humana
Deméter e Helena de Tróia
Héstia e a Bíblica Suzana
Dyke, Nix e Artêmis
Cibele, Angícia e levana
Talássia, Réia e Hersília
Mitologia Greco-Romana
Réia, Tétis e Diotima
Das quais o Amor emana
A filósofa Judith Butler
Pensadora americana
A alemã Hannah Arendt
Crítica da política tirana
Olga e Rosa Luxemburgo
Celia Sanchez, a cubana
Aqualtune e Maria Bonita
Maria Felipa e Anita
Maria da Penha e Mariana
A mulher é a Terra plana
A mulher constitui a lua
A mulher embeleza o lar
A mulher encanta a rua
Pecadora quando vestida
Deusa pura quando nua
Ela é graça que se dá
Não é minha, não é sua
Ela é luz e vitalidade
Ela ama, ela insinua
É a natureza pulsante
É vida que se perpetua
Laboriosa e provedora
Ela gesta, ela menstrua
Se desvela pela prole
Em sua defesa não recua
É sábia e intuitiva
Em regra não se compactua
Com o desprezo da memória
E aguarda que a história
Seu lugar lhe restitua
Mulher é a selvagem grua
É musa da divindade
Reage em autodefesa
Quando ataca é sem maldade
É lança que vulneraliza
A “suprema” masculinidade
Atira confetes ao tempo
Se extravasa na vaidade
Cosmeticamente amortece
Os impactos da idade
Seu fluxo mensal é asséptico
Purifica de verdade
Nutre o solo uterino
Com a inerente fecundidade
Ela dá sequência à vida
Por meio da maternidade
É luzeiro que aquece
Ela é chuva, é umidade
É o cronômetro do infinito
É amor, é passionalidade
É microcosmo que ovula
Enfeitiça e desarticula
A máscula brutalidade
A mulher é uma cidade
É o paraíso perdido
Jardim do Éden ambulante
Um inferno invertido
É a caixa de Pandora
Dalila que engana o marido
É Mitra, a deusa pagã
É Eva sem tanga ou vestido
Gênese do sacro “pecado”
Que deixa o homem cindido
É a diva que comove
O coração empedernido
Por ela o homem transpira
Com o orgulho contundido
E sem ela este planeta
Não teria qualquer sentido
É um ser multifacetado
Não pode ser definido
Ela é a “santa” mais profana
Torna o Deus arrependido
É a “pecadora” mais sagrada
Deixa o homem entorpecido
A você, minhas homenagens
Mil jardins e mil paisagens
E o meu coração comovido