MOTE: NO MEU SERTÃO TODO DIA
Tem um pé de umbuzeiro
E muitos pássaros cantando
No campo ovelhas pastando
Galo e peru no terreiro
A flor exalando o cheiro
Coqueiro exibindo altura
E o sabor da doçura
Do bagre da melancia
No meu sertão todo dia
Tem festival da natura
Folhas molhadas do orvalho
Que caiu na noite fria
A formiga passa o dia
Concentrada no trabalho
E no alto de um galho
Um joão-de-barro procura
Fazer construção segura
Sem ser de alvenaria
No meu sertão todo dia
Tem festival da natura.
O mato cobre o baixio
Como se fosse uma lona
O sapo pega carona
Na correnteza do rio
A colheita do plantio
Da nossa agricultura
Milho, feijão e verdura
Fazem a nossa alegria
No meu sertão todo dia
Tem festival da natura.
O grilo não tem garganta
Mas canta sem paradeiro
Raposa ataca o poleiro
Mas o cão logo a espanta
No mato a cigarra canta
Que chega nos dá gastura
Na alta temperatura
Que o sol forte irradia
No meu sertão todo dia
Tem festival da natura
Logo ao amanhecer
Do ninho a rolinha desce
E a coruja aparece
Depois do anoitecer
Tatu pra se proteger
No barro um buraco fura
E a dois metros de fundura
Faz a sua moradia
No meu sertão todo dia
Tem festival da natura.
Um pé de mandacaru
Com galhos longos, florido
Umbuzeiro retorcido
Do mesmo caindo umbu
Tem seriguela e caju
Goiaba e ata madura
Com toda esta fartura
A gente sente alegria
No meu sertão todo dia
Tem festival da natura.
O galho da jitirana
Com lindas pétalas se abrindo
As abelhas produzindo
Mel para espécie humana
Tem a doçura da cana
A queda da tanajura
E em uma noite escura
O vagalume alumia
No meu sertão todo dia
Tem festival da natura.
Sertão fonte de riqueza
De bichos, plantas e gente
É um lugar excelente
Por obra da natureza
Eu admiro a beleza
O cheiro, o gosto, a cultura
E eu sou parte da mistura
Desta terra que me cria
No meu sertão todo dia
Tem festival da natura.