A alegria do agricultor
A alegria do agricultor
É poder olhar pro chão
Ver os caroços nascidos
Os de milho e de feijão
É pros seus olhos colírio
De grande satisfação.
Mal o dia culareia
Faz logo o pelo sinal
Pede a Deus um bom inverno
Que é para num se dá mal
Pro senhor abençoar
Seu feijão, seu milharal.
Planta o monturo da casa
Também na beira da grota
No alto e na baixinha
Pois capinar ele gosta
Todo dia no roçado
Bem cedim ele encosta.
Dá sempre graças a Deus,
O pai que manda aguaceiro,
Cultiva cantando alegre
O seu roçado ligeiro
Em abril já come milho
Plantado em fevereiro.
Quem nunca foi sertanejo
Criado no matagal
Plantado e capinado
O roçado e o quintal
Na chuva indo e voltando
Pisando no lamaçal?
Num sabe da alegria,
Num sabe o que é viver,
Pois essa vida da roça
É a melhor de se ter
Porque seu gozo é completo
Quando está pra chover.
Lá no sertão cedo acordo
Com o canto dos passarim
No chiqueiro os cabritos
Nos terreiro os bacurim
No galinheiro as galinhas
E tem piando os pintim.
No pereira tem o galo
Da campina a trinar
No pião se balançando
Vejo a piririguá
E a sabiá cantando
Pra todo mundo escutar.
Pego o balde e a cuia
Pra mode água buscar
Na grota que tá escorrendo
Escorrendo sem parar
Mais tarde nós toma banho
No raso pra num afogar.
Deus abençoe os sertanejos.