Lembranças do meu passado

LEMBRANÇAS DO MEU PASSADO

Há mais de 70 anos atrás

Lá no interiorzao de Goiás

Povoado distante da cidade,

Ainda me lembro com emoção

Foi um ranchinho beira chão

A nossa primeira propriedade.

Foi ali, bem ali que eu nasci.

Ouvindo o canto do bem-ti-vi

Numa manhã ensolarada no sertão,

Não tinha medico nem enfermeira

Nasci nas mãos de uma parteira

Que morava em outra região.

Como toda pobre criança

Que tem sonho e esperança

Fui crescendo lá no sertão;

A vida lá era muito difícil;

Mas com muito sacrifício

A gente ia ganhando o pão.

Até hoje nunca me esqueci

Das traíras, piaus e lambaris.

pescado no córrego do serrado,

Eu sentia uma grande emoção

Quando a linha tremia na mão

E o peixe já estava fisgado,

Também já fiz muitas arapucas

E armei debaixo das empucas

Para pegar a nambu e a juriti;

Além de ser uma boa diversão

Era um ótimo cardápio na refeição

Misturado com arroz, feijão e pequi.

Por ser filho de pai separado

Tive que trabalhar dobrado

Para ajudar minha família,

Para ganhar algum dinheiro

Fui até servente de pedreiro

Topava todo que aparecia.

Na roça todo mundo trabalhava

Serviço lá é o que nunca faltava

Para quem quisesse trabalhar;

Eu levantava toda madrugada

Buscava as vacas lá na invernada

Para o leite de todas elas tirarem.

Eu trabalhei muito lá na roça

Tinha as mãos calejadas e grossas

De pegar na enxada, foice e facão,

Guiei muitos bois puxando o arado

Para cortar o terreno molhado

Onde fazia a nossa plantação.

Eu também fui peão de boiadeiro

Por este imenso sertão brasileiro

Buscando e levando a boiada;

Já passei fome. Já passei frio

Já atravessei por muitos rios

Nadando correntezas pesadas.

No meu tempo de estudante

Cheguei até ser comerciante

Para realizar os meus planos;

Sem experiência no mercado

Pela freguesia fui enganado

E fali logo no primeiro ano.

Mesmo com muita dificuldade

Morando sozinho na cidade

E minha família lá no interior,

Terminei apenas o segundo grau

E voltei para minha terra natal

Onde fui ser um professor.

Tempo que eu nunca me esqueci

Muitas Belas garotas eu conheci

Arrumei muitas namoradas;

Mas tive que mudar do sertão

Só que o meu pobre coração

Já ficou preso na minha amada.

Eu fui conhecer um novo mundo

Mas meu sentimento foi profundo

Por ter deixado o meu sertão,

A vida aqui foi muito mais difícil

Tive que fazer muito sacrifício

Para me adaptar nessa nova região.

Depois de ter passado mais dois anos

Tentando reconstruir os meus planos

Lá no meu eu sertão tive que voltar;

Para cumprir aquele meu juramento

Que eu fiz durante todo esse tempo

De levar minha amada aos pés do altar.

Ainda me lembro daquele momento

Que está bem vivo no pensamento

Nois dois sorrindo enfrente do altar,

Hoje, já faz mais de quarenta anos

Que nos dois juntos já passamos

Construindo esta historia pra contar.

História que nunca irá se apagar

Pode passar o tempo que passar

Só não vai saber quem não quiser,

Da vida deste humilde poeta

Que entre todas as suas metas

A principal delas sempre é a mulher.

Aqui também eu já fui professor

Da A. Acail. De L. sou fundador .

Tenho um bom trabalho prestado

Resgatando e preservando nossa cultura . E registrando no arquivo da literatura .

A historia dos nossos antepassados..

História recheada de muita emoção

Que nunca me fez esquecer o sertão

Nem a paixão pela lida de gado.

Por muito tempo eu fui vaqueiro

Depois eu passei a ser leiteiro

Vendendo leite no mercado.

Profissão que me deu bom dinheiro

Tornei-me um nobre fazendeiro

Hoje eu sou um caboclo folgado,

Mas ralei muito para chegar até aqui

Das minhas origens nunca me esqueci

E não me envergonho do meu passado.

Mas A saudade do meu sertão

Foi Apertando tanto meu coração

Que tive que desabafar neste tema,

E Para aliviar as minhas mágoas

Fui juntando palavras por palavras

Ate que nasceu este belo poema.

Helio R. Braz

Cadeira de N. 10

Da A. A. L.

goiano
Enviado por goiano em 16/02/2017
Reeditado em 24/10/2023
Código do texto: T5914545
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