A ROLINHA FOI-SE EMBORA

(Lindicácia Nascimento)

Pois eu também vi os ovos

Da rola que não peguei

Eu tava no “mei” da roça

Quando de perto avistei

Uma coisa se bulindo

Me abaixei e fui subindo

Logo comigo pensei.

É agora que eu pego

A rola na minha mão

Vou lhe acariciar

Com gosto e empolgação

Depois eu vou lhe soltar

Ver a bixinha voar

Sem rumo, sem direção.

Com calma botei a mão

Na cabeça da danada

Que escapuliu pelos dedos

Senti bem a deslizada

A rolinha nessa hora

Bateu asa e foi “simbora”

E me deixou assanhada.

Só os ovos que ficou

Em cima duma videira

Protegido pelo ninho

De uma rola faceira

Qual uva deliciosa

Fez da rola graciosa

E de mim uma feiticeira.

(Dão de Jaime)

Lindicacia tu não vai

Cair com a cara na lama

Na arte de alisar rola

Parece que ganhou fama

Veja que tenho razão

Rolinha tem proteção

Cuidado com o IBAMA

A rola que tu pegou

Parecia uma criança

Me diga se era grande

Se era de confiança

Já que deixou tu pegar

E com a mão alizar

Pense numa rola mansa?

Se for tempo de inverno

A rola com frio se treme

Tem rola branca e azul

Tem rola da cor de creme

Tanto que eu pesquisei

Porém ainda não sei

Qual o macho nem a feme.

Tem rola que é acesa

Que parece uma faísca

Se for pra alisar rola

Dão de Jaime não se arrisca

Lindicácia minha amiga

Eu quero que tu me diga

Será que ROLA belisca?

Lindicácia Nascimento

Na rola que eu trisquei

Não senti a beliscada

Por que ela escapuliu

Numa rapidez danada

Não quis saber de carinho

Deixou os ovos no ninho

E eu com a cara espantada

(José Lacerda)

Eu tenho uma rolinha

Criada no meu quintá

Bichinho de estimação

Solta e livre pra voá

Voa e vorta quando quer,

Cassinha, se tu quiser

Eu deixo tu alisá.

Nem precisa de pagá

Só precisa querer bem

Tem a cabeça roxinha

O corpo é roxo também

Toda rola é bonitinha,

Mas como a minha rolinha

Te juro que igual não tem!

Lindicácia Nascimento

Zé Lacerda, eu pego ela

Sem precisar de agrado

Sei que a sua rola é mansa

Mais precisa ter cuidado

Mode nós se entender.

Vou ver ela se tremer

Com o meu acariciado.

José Lacerda

Nem precisa ter cuidado

Que ela vai corresponder

Pois suas mãos delicadas

Não farão ela sofrer

Sei que rolinha não geme

Mas se toda rola treme

A bichinha vai tremer!

Zé Lacerda, Lindicássia Nascimento e Dão de Jaime
Enviado por Zé Lacerda em 15/02/2017
Reeditado em 19/11/2022
Código do texto: T5913478
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