O MEU RIMANCEIRO * O jumento

Tão manso, sobe a ladeira!

Manso, manso, mansidão!

Vai à feira, vem da feira,

leva ou traz a servidão.

.

Sobre o dorso, pesa a albarda.

Sobre a albarda vai o dono.

Só a noite alta lhe guarda

algumas horas de sono.

.

No estábulo solitário

espera a magra ração:

é o mísero salário

de quem vive em servidão.

.

Cale-s.e a palavra gasta

incensando a compaixão!

De tantas loas já basta!

É tempo de dizer não!

.

E que venha o que vier

na mudança anunciada!

Traga a vida o que trouxer,

sempre será outra estrada.

José-Augusto de Carvalho

Alentejo, 20 d Janeiro de 2017.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 13/02/2017
Reeditado em 03/03/2018
Código do texto: T5911623
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