A RIQUEZA DO SERTÃO.
A riqueza do Sertão
Quando Deus de nóis se alembra
E toma resolução
Se apiéda de nóis
Com tamanha compaixão
Derrama sem por medida
A riqueza do Sertão.
Aí nóis fica alegre
Que nem pinto no terreiro
Porque o nosso bom pai
Se mostra ser verdadeiro
A riqueza do Sertão
Derrama em aguaceiro.
O sapo coaxa no lago
De puro contentamento
Nos curral pula os bezerro
Correndo que nem o vento
Que a riqueza do Sertão
Chegou pra nóis num nomento.
Os cordeiros, os cabritos
Pulando no tabuleiro
Escamuçam os putrins
Nas beiras do aguaceiro
Que a riqueza do Sertão
Chegou pra nóis bem ligeiro.
Dai é só alegria
Depois da terra molhada
O lavrador se anima
Encaba logo a enxada
As sementes quele tem
Deixa na terra enterrada.
O sabiá, o anum
Também a piririguá
Faz uma festa danada
Começando assoviar
Que a riqueza do sertão
Já acabou de chegar.
E as minhocas também
Usam sua perfeição
Para fazer o seu túnel
Que é da terra o pulmão
Molhada do aguaceiro
Da riqueza do Sertão.
O campo roxo, cinzento,
Queimado pelo sol quente
Fica todo exuberante
Lindo aos olhos da gente
A riqueza do Sertão
Deixa-o verde de repente.
Demos nóis graças a Deus
Façamos- lhe oração
Por que ele se alembrou
Da nossa lamentação
Então do céu nos mandou
A riqueza do Sertão.
Carlos Jaime. 10/02/2017