A SAGA DE NOÉ
Todos conhecem a história
Do dilúvio, a arca e Noé
Homem por Deus escolhido
Obediente e de fé.
Quando Deus um homem chama
É isso que dele requer.
Noé com sua família
Recebeu de Deus missão
Construir a grande arca
E pregar à geração
Pois um dilúvio viria
Sendo a arca a salvação
Mas a saga aqui é outra,
É de um Noé diferente,
Também chamado por Deus
Homem de fé, persistente,
Que junto com sua família
Convida o povo a ser crente
Davi um salmo escreveu
Com muita sabedoria
Disse que em livro divino
Deus já traçou cada dia
Antes de nós existirmos
Ele já tudo sabia.
Portanto o que vou contar
Em tradição nordestina
Na glória já foi escrito
Pela própria mão divina
É de Noé Prado Pontes
A Sua história, sua sina.
Nascido em Santarém
De um casal do Ceará
Ele é o sexto dos filhos
Cinco vieram de lá,
Porém ele e o caçula
Já nasceram no Pará.
Seu pai se chama José
Sua mãe se chama Maria
Irmã mais velha é Mundinha,
Nonato logo viria,
A Francimar e a Cilene
A Quem Eliete seguia.
Não para aí a sequência
Dos filhos de dona Maria
Inda viria o Noé
O Personagem do dia
Depois o caçula Aroldo
Para compor a família
Mas antes deste nascer
Fato triste se marcava
O pai resolve partir
E o seu lar abandonava
Saía um personagem
Mas uma dupla entrava
Era a miséria e a fome
Que de mãos dadas chegavam
Não pediram permissão
Mas já suas redes armavam
Dizendo daquela casa
Elas jamais se retiravam
Noé via a face da fome
Do raiar ao fim do dia
A boca cheia de dente
Mas a barriga vazia
E na merenda da escola
Só se via a correria
Nem bem se tocava o sino
Noé se punha a correr
Irmã Selma é testemunha
De todo aquele sofrer
Mais importante que a aula
Era ter o que comer
Várias batalhas diárias
Noé com a fome travava
Vendia garrafas ao tio
Que dele mesmo pegava
Pois para vencer a fome
Toda estratégia montava
Enganava o tio Mocó
Pegava manga escondido
Do seminário dos padres
Até ser surpreendido
Por dois Filas muito bravos
E quase que era mordido
Até na hora da benção
Que ao tio Pedro pedia
Se valia de uma tática
E era assim que pedia:
“A benção, tio me dê mil!”
Mas só coque conseguia.
Ganhava daquele tio
Apelidado Mocó
O seu corte de cabelo
Sempre uma coisa só
O famoso corte cuia
De graça, mas de dá dó.
O jeito foi trabalhar
Em sua infância sofrida
Ralava pelo comércio
Tentando ganhar a vida
A frase: “Diga freguês”
Dele era a mais proferida
Dizia tanto essa frase
Sendo lojista cortês
E como bom vendedor
Ganhar mais no fim do mês
Que quando saudava a igreja
Falava: “Diga freguês!”.
Economizava em tudo
Ficava sem almoçar
Para o dinheiro render
E a sua mamãe entregar
Pois era uma das formas
De sua mãe ele honrar
Mas um dia um patrão
Gente boa de dá gosto
Pagou um PF ao Noé
Seu funcionário disposto
Mas o que seria alegria
Se tornara seu desgosto.
Pois alegria de pobre
É difícil e pouco dura.
Noé recebeu o PF
E o olhou com ternura
Pois logo viu no seu prato
Um bife de carne pura
Seus olhos logo brilharam
A boca de água se encheu
Comer um bife sozinho
Era o sonho do plebeu
Traçou um plano sublime
Pra aquele bife só seu
Pois era mais que desejo
Do bife tornou-se fã
O melhor seria por ultimo
Como o vinho em Canaã
Ele apenas não contava
Com o plano de satan
Pôs “o delícia” de lado
Comeu arroz e feijão
Olhava o bife e babava
Pois era muita emoção
Mas antes que percebesse
Chegou de vez seu irmão
Passou a mão no seu bife
Dizendo: “Eita maninho!
Tu não se importa comigo
Comendo tudo sozinho?
Lançou “o delícia” na boca
E seguiu o seu caminho.
Noé ficou na saudade
Do bife que por instante
No seu prato apreciava
Mas uma boca gigante
O seu “delícia” levava
Por entre dentes adiante.
Os olhos lacrimejaram
A boca seca ficou
O corpo todo tremeu
O seu estômago roncou
O sonho fora frustrado
A alma um trauma gerou.
Mas ao menos pra esquecer
Aquele seu dia de drama
Ele tinha a bicicleta
Podia pensar num programa
Pedalar ao Mojuí
Mesmo que fosse na lama.
Era o lazer preferido
Também a única opção
Tomar banho no Tei Bei
Era a melhor distração
A distância era longa
Mas ele fazia questão.
O tempo estava passando
E agora era o jovem Noé
Pudera comprar uma moto
Já não andava a pé
Sempre que ele chegava
Todo mundo dava fé.
Não pela beleza da moto
Ou cilindrada violenta
Mas pela sua descarga
Que era tão barulhenta
Que todos queriam saber
De quem era a tormenta
Reuniu-se o ministério
A mando do pastor Braz
Para descobrir enfim
Quem era aquele rapaz
Dono daquele bagulho
Que atormentava demais
Noé estava se achando
Pensou: “Já posso casar”.
Olhou a Jovem Etiene
Com ela quis namorar
Foi montando estratégias
Para ela conquistar.
Noé conseguiu a proeza
Há poder na oração
Acompanhada de jejum
É mais forte que um canhão
Jejum é o que Noé mais fazia
Querendo ele ou não.
Etiene caiu na conversa,
Noé, porém, precavido,
Quis convencer a mãe dela
Que ele era um bom partido
Mas Irmã Ecy, só sabia,
Que era irmão convertido.
Um dia Noé passeando
Com Etiene, em bom clima,
Acompanhada da mãe,
Uma amiga e uma prima,
Noé encontrou a chance
De mostrar a sua estima
Eram batatinhas fritas
Que ali se estava a vender
Noé não tinha dinheiro
Pra batata oferecer
Àquelas quatro mulheres
O que iria fazer?
Comprou apenas um copinho
E para as quatro ofereceu
Diz ele que nesse gesto
A sua sogra convenceu
Pois mostrou ser econômico
E isso lhe enalteceu.
Deus aprovou o namoro
Que acabou em casamento
Formava-se uma família
Para cumprir seu intento
O homem faz o seu plano
Mas só Deus dá cumprimento.
Nosso Deus é grandioso
É um ser indescritível
Quando Ele escolhe alguém
Realiza o impossível
O nada transforma em tudo
Pois é um Deus infalível
Nosso Deus não muda nunca
Mas é o Deus da mudança
Mesmo no desesperado
O Senhor gera esperança
Aquele que nEle espera
Sua graça sempre alcança
Estava chegando a hora
Deus mudava a trajetória
Na vida do jovem Noé
Cumprir-se-ia a história
Que já por Deus fora escrita
No livro que está na glória
Ana em seu canto escreveu:
Do pó Deus levanta o pobre
O ergue de entre as cinzas
Para assentar como nobre
Pois Ele guarda seus santos
Com sua graça lhes cobre
Deus encheu Noé de bens
Mostrando-lhe sua bondade
Dois filhos como herança
E lhe deu propriedade
Entregou-lhe um cajado
E fez dele autoridade
Hoje é chamado de anjo
Da Igreja de seu Senhor
Servindo-a com alegria
Com muito zelo e amor
Só lhe restam as lembranças
De menino sofredor.
Parabéns pastor Noé
Desta igreja em Eldorado
Que seu ministério em Cristo
Seja sempre abençoado
Pela eleita do Senhor
És um pastor mui amado.
Ao pastor Noé Prado Pontes em 24/01/2017