O ALCOÓLATRA É NOSSO IRMÃO.

As vezes é engraçado

A gente ver uma queda

De um pobre embriagado

Que só o vicio ele herda

Ou quando fala enrolado

O assunto todo trocado

Dizendo coisa medonha

É logo bem criticado

Até quem tá do seu lado

Dele senti vergonha.

Não ache graça nem zombe

Porque você está sóbrio

Quem sabe até você tombe

Um dia sobre o opróbrio

O mundo dá suas voltas

Abrindo suas comportas

Nas grotas de um abismo

Não deixe que te revele

Nem sintas na tua pele

A chaga do alcoolismo.

O vicio destrói o homem

Como ácidos corrosivos

Quanto mais álcool consomem

Mas ficam dele cativos

Ficam sem consciência

Escravos da dependência

Penam o mesmo ditame

Vivem estre dois mundos

São tidos por vagabundos

Da embriagues infame.

Quem já bebeu ou bebe

Sabe o que é ressaca

Quem tem logo percebe

Que tá com a "cuca" fraca

O corpo todo pesado

Passa o dia deitado

Sem vontade de comer

De tanto secar as pipas

Vomita até as tripas

Pensando que vai morrer.

Quando passa o ruim

Caem na mesma tarrafa

Procuram um botequim

E secam outra garrafa

Penando o seu martírio

Vão de delírio em delírio

Vivendo na indiferença

Exibem novo emblema

Sem noção do problema

Cumprem a mesma sentença.

Por que então o desprezo

Ou até mesmo a ofensa

Para quem está preso

Na cadeia da doença

No álcool acorrentado

No vicio quase enforcado

Sem forças para agir

Dando um grito etílico

Feito um paralítico

Sem pernas para fugir.

Tantos estão sozinhos

De si mesmo abandonados

Enxotados dos seus ninhos

Morrendo embriagados

Chorando suas saudades

Invisíveis nas cidades

Como vultos no deserto

Se vão assim a miúde

Fracos e sem saúde

Longe ao invés de perto.

Todos tem seu oficio

Crédulo ou religião

Mas quem purga no vicio

Não é ateu nem cristão

A nada ele é idólatra

Sua vida de alcoólatra

Lhe traga os pensamentos

Fazendo metamorfose

Assim de dose em dose

Bebem os sofrimentos.

Quem faz mal julgamento

De um viciado doente

É fraco de sentimento

Ou é um convalescente

Que não bebeu do perdão

E agoniza em vão

No leito da tirania

Doente e viciado

Em apontar o errado

Com o dedo da covardia.

Só porque nos não bebemos

Nos tiramos por perfeitos

Mas no fundo nos sabemos

Todos os nossos defeitos

Mas bebemos escondidos

Os defeitos apodrecidos

Na taça da hipocrisia

Fingindo sobriedade

Arrotando falsidade

Que bebemos todo dia.

Onde está o seu irmão

Tá em casa ou na sarjeta

Tá na rua ou na mansão

Se acolhe ou se enjeita

Está perto ou distante

Ele é vil ou importante

Onde está tu nessa hora

Estás mudo ou chamando

Escondendo ou procurando

Onde anda ele agora?

Faça como o alcoólatra

Evite o primeiro trago

Não seja falso idolatra

Que anda a passo largo

Achando que seu caminho

São flores,não tem espinho

E que tudo é um jardim

Não beba essa ilusão

Porque nesse garrafão

A bebida é ruim.

Onde anda a bondade

Que fingimos conhecer

Sobre o rótulo da verdade

Nos queremos aparecer

Mas quando isso acontece

O irmão desaparece

Como álcool pelo ar

De novo é desprezado

Porque anda embriagado

Sem ninguém pra ajudar.

Um ditado coerente

Tem ensinamentos belos

Diz:- a força da corrente

Tá na formação dos elos

Vamos parar com os cortes

E sermos os elos fortes

Da corrente da união

Fazendo a nossa parte

Levando o estandarte

Do amor e do perdão.

Você deve tá pensando:

"Não tenho nada com isso

Não ando me viciando

Sou de casa pro serviço

Só bebo socialmente

levo uma vida de crente

Domingo tô na igreja

Limpando o meu pecado

Pra não ser um viciado

Na pinga ou na cerveja"

Isto é ledo engano

Você tem tudo a ver

Pois a mão do soberano

Vem a todos socorrer

Sendo ateus ou cristãos

Olhem para suas mãos

Vejam se estão dobradas

Ou se suas mãos saudáveis

Não acolhem os miseráveis

Como fez as mãos furadas.

Você que se acha esperto

Cuidado com a arapuca

O mundo é um bar aberto

Uma roleta maluca

Não jogue nesse cassino

Porque o seu destino

Tá com a carta marcada

Não blefe com o otimismo

Na banca do alcoolismo

Quem joga não ganha nada.

Na vida tudo tem preço

E não é na promoção

A tabela vem no berço

Com juros e correção

Olhe para a sua conta

A dívida já está pronta

Não fique endividado

Cobrando só de quem bebe

Quem cobra também recebe

Motivos pra ser cobrado.

Todo mundo já teve

Motivos para beber

Quem sabe você esteve

Nesse mesmo padecer

Mas logo foi resgatado

Por alguém que do teu lado

Não deixou tu se afogar

Seja também esse arco

Estamos no mesmo barco

Somos sal do mesmo mar.

A pior ressaca está

Na falta de atitude

Bebida pior não há

Do que a palavra rude

Quem vive a caridade

Aceita como verdade

Esses versos de emoção

Sendo Deus o nosso Pai

O alcoólatra também vai

Ser sempre o nosso irmão.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 22/01/2017
Código do texto: T5889104
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