COISAS DO MEU SERTÃO PARTE 2

Não troco o meu torrão

Por nenhum lugar desse mundo

Pulo num açude barrento

Dou um mergulho e vou fundo

Trago no cabelo uma piaba

É tão grande a emoção

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

Comer um bodinho assado

Isso é coisa de primeira

Aquele cheirinho de manteiga da terra

Passada na macaxeira

Faz a alegria de quem come

É uma enorme satisfação

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

Chegar numa bodega

E comer um pão carteira

Recheado de doce de leite

Isso é coisa de primeira

Beber aquela água de pote

Em um caneco de latão

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

Beber um caldo de cana

Acompanhado de um pastel

Sentado em uma barraca na feira

Na cabeça um grande chapéu

Pra proteger do sol

Desse imenso calorão

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

Chegar de manhãzinha

E comer cuscuz com ovo

O prato sertanejo

Que agrada todo povo

Pode comer misturado

Com caldo ou com pirão

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

Olhar pra uma tora de queijo

Um bolo de puba com café

Um chapéu de couro bem quentinho

Na barraca de seu Zé

Um espeto com tapioca

Feito no fogo com carvão

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

Comer uma buchada

Tomar uma dose de pitú

Assar um monte de castanha

Depois de chupar caju

Fazer uma caipirinha

Com 51 e limão

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

Preparar aquela feijoada

Com uma farofa de toucinho

Só combina com uma cachaça

Nunca combina com vinho

Comer aquele manguzá

Cheio de bucho e feijão

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

Um monte de bêbado gritando

Sorrindo sem parar

Bebendo uma raizada

Tirando gosto com preá

Fazendo a maior festa

Com uma panela de pirão

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

Uma farofa de tripa bem assada

E um refrigerante pra menina

Num tem Coca-Cola que ganhe

Do sabor da cajuína

Esse refrigerante que combina

Com coxinha ou com pão

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

Um bêbado levando outro

Levando um monte de topada

Aquele cai e não cai

Ainda bebe outra lapada

Rastejando feito uma cobra

Com um litro de pinga na mão

Isso tudo faz parte

Das coisas do meu sertão.