A rainha da chuva

Da rainha prepotente

Pouca coisa se guardou

Ela era incompetente

Ao marido maltratou

Castigava a sua gente

Com a pena que criou.

O rei a acariciava

Mas não tinha uma coroa

Na verdade concordava

Para ter a vida boa

Vendo que o tempo passava

Preferia andar a toa.

A rainha era mandona

O Poder a dominava

De tudo ela era a dona

Por prazer ela matava

Mas um dia veio à tona

O segredo que guardava.

Ela ia a um terreiro

Praticar macumbaria

La ficava o dia inteiro

Exigindo o que queria

Dizia pro macumbeiro

Que melhor ela fazia.

Ordenava ao seu amante

Que fizesse o mal maior

Isso era interessante

Pra mostrar quem é pior

Tudo isso em um instante

Pra mostrar quem é maior.

Mas um dia essa rainha

Descobriu um novo amor

O segredo que ela tinha

Provocava imensa dor

Falar isso não convinha

Não era compensador.

Foi seguindo a sua estrada

Dominando o pensamento

Quando foi incomodada

Por um jovem barulhento

Que mostrava a namorada

Numa sala de um convento.

A rainha emudeceu

Quando viu aquela tela

Nela a si reconheceu

Como a mãe da donzela

Que no dia que nasceu

Foi deixada na favela.

Ela tão desconsolada

Perguntou para o rapaz

O nome da namorada

E também o que ela faz

Se está desocupada

Da infância o que ela traz?

Disse o jovem a responder

Dessa dama eu tenho orgulho

Ela cura o padecer

De quem gosta de barulho

E conhece o proceder

Pra curar quem guarda entulho.

A rainha respondeu

Acho lindo o seu amor

Mas comigo aconteceu

Eu sofrer imensa dor

Pela mãe que faleceu

Sem da filha ver a cor.

O rapaz desconsolado

Disse ser conhecedor

Sua mãe foi maltratada

Lhe tiraram o cobertor

No qual fora agasalhada

Ao sentir do parto a dor.

E por ordem da rainha

Sua mãe foi enxotada

Tiraram tudo que tinha

E seguiu escravizada

Ele serviu a vizinha

Pra não vê-la castigada.

Mas um dia ele partiu

Pra viver nova aventura

Aquela moça ele viu

Como exemplo de candura

E com ela conseguiu

Ter um pouco de cultura.

Nesse instante apareceu

Uma freira caminhando

Procurava o que perdeu

Que perdera descuidando

Nesse instante aconteceu

As mulheres se olhando.

Dois olhares se cruzaram

Dois destinos se encontraram

Dois corações dispararam

Do passado recordaram

Mãe e filha se encontraram

Nunca mais se separaram.

A rainha revelou

Todo mau que planejava

Para a filha confessou

Que apesar de tudo amava

E o rapaz que ali estava

Era o genro que esperava.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 15/01/2017
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