COISAS DO MEU SERTÃO

Meninos jogando bola na rua

A mãe gritando com preocupação

Um moleque pegando bigu

Na carroceria de um caminhão

Isso faz parte da arte

Das coisas do meu sertão

Um senhor sentado na praça

Sozinho a conversar

Acende um boró

E começa a tragar

Demonstra a tranquilidade

Sem nenhuma preocupação

Isso faz parte da arte

Das coisas do meu sertão

Um menino e uma baladeira

Sai no mato a atirar

Acerta em um calango

Depois começa a procurar

Fazendo suas travessuras

Que é chamada de danação

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

A mulher prepara o fortificante

Pra seu filho tomar

É preciso beber

Pra não poder amolengar

Engana o menino

Diz que é todinho

Mas é caldo de feijão

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

A senhora compra a bolacha

E chama o povo pra rezar

Viva a Santo Expedito

O povo começa a gritar

Faz um suco de morango

Pra dar ao povo

Quando terminar a renovação

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

O garoto pega uma pedra

E um caroço de macaúba começa a quebrar

Tira o bago que tem dentro

E passa meia hora pra mastigar

Cuspindo nos meninos

Faz aquela aberração

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

A família faz uma viagem

Vão demonstrar a sua fé

Sai todo mundo em romaria

Vão tudo pro Canindé

De lembrança traz uma fita

Todos em cima de um caminhão

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

A mulher faz uma promessa

Pra agradecer pelo dom

Veste o menino franzino

De uma bata marrom

Agradece a nosso senhor

Por mais uma devoção

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão

O menino chega todo empolgado

Não para de mastigar

No pescoço um cordão de coco

Aos outros ele vem mostrar

E começa aquela festa

Os moleque tudo pidão

Isso também faz parte

Das coisas do meu sertão