Oceano
Não tenho medo da frustração
das tristezas falo bem
aprendi então contá-las
sem muito nhém-nhém-nhém
o que sofro ou o que passo
nenhum homem sabe e vem
com flores murchas sem perfumes
só espinhos que ele que tem!
Falar apenas coisas boas
tira da poesia a essência
dos sofrimentos que nasceram
da mais linda consciência
a solidez das poesias
de fragilidade permanência
do néctar a seiva que transforma
e que mudam a tenência.
Abraçar sem conhecer
beijar sem rosto existir
nas tristezas e alegrias
em tempo certo hão de vir
e quando tudo terminar
quando tudo então fluir
o bom homem que sabe ter
o melhor da vida, o existir,
não é passando o doce mel
nas mentiras que possuir
que faremos da poesia
o bom homem emergir
mas mandando um papo certo
que poderemos refletir
na mente dura amolecendo
nas tristezas do partir.
Ser frustrado ou mal amado
não condiz ser triste ao leu
tudo que passa pela alma
é pertinente como o fel
que sem ele não haveria
nem as estrelas lá no céu
seria tão mais coerente
enxergar além do véu.
Desaguando em poucos rios
mudamos um curso de lugar
não é apenas sob os gritos
que posso o amor sim declarar
se nos silêncios que me fazem
ouço os gritos parear
junto àqueles que sabem bem
que sofrer não é parar
e mandando alguns versos
recheados de amparar
posso buscar no mais profundo
dos abismos, o clarear!
E assim vamos vivendo
sem ninguém nada temer
não é levando minha cruz
que deixarei de perecer
quando pereço sei que lá
nas entrelinhas do viver
posso cantar a melhor música
sem ao menos ninguém ver!
Quando vemos na superfície
não sabemos "que lá do fundo"
o oceano é muito lindo
mas no abismo mora um mundo!