NAUFRÁGIO EM VILA DO CONDE
01
A vida segue seu curso
No rumo determinado
As vezes o imprevisto
Muda todo o traçado
O que antes foi escrito
Pelo destino é mudado
02
Eu narrarei a história
De um fato acidental
Que a proporção tornou
Um desastre ambiental
No porto Vila do Conde
Em Barcarena o local
03
Uma cidade pequena
No interior do estado
Grande polo industrial
De porto movimentado
Destaque nacional
E exportador de gado
04
O navio pra sair
Aguardava sua vez
Tudo em conformidade
Com a sua solidez
No grande porto da vila
Este plano se desfez
05
Pura obra do acaso
A todos causou surpresa
O navio boiadeiro
De bandeira libanesa
Cujo nome era HAIDAR
Um audaz de sua empresa
06
Aconteceu de repente
Que triste sina aquela
A nave cheia de bois
Iria à Venezuela
Na tripulação a bordo
Ninguém previa a mazela
07
No ano dois mil e quinze
Quis a história registrar
No dia seis de outubro
Pronto para navegar
O navio foi pro fundo
Mesmo antes de zarpar
08
Atracado esperava
Pois não sabia da sorte
Embarcando carga viva
Cinco mil bois de corte
No porto a comitiva
Dava todo o suporte
09
Arisca toda a boiada
Como a prever o final
Naquele navio entrava
Em um embarque fatal
Para a viagem macabra
De tragédia sem igual
10
O seu mugido triste
Parecia mais um choro
Estranhando o ambiente
Seria um mal agouro
Pois não queria sair
Deixar o embarcadouro
11
A boiada em lamento
Toda se inquietando
Gerando desequilíbrio
E o navio inclinando
Começava a tragédia
Com o gado afogando
12
Vendo o caos se instalar
O comandante na hora
Fez o alarme soar
Avisando sem demora
E a tripulação mandar
Saltar logo para fora
13
O povo que assistia
Não queria acreditar
No porto onde se via
O grande navio afundar
O gado que emergia
Nadava para escapar
14
Da embarcação virada
Parte as pessoas viam
Bem perto do cais ilhada
Nesta alguns bois subiam
Mas não podendo firmar
Logo na água caiam
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Em busca de terra firme
Ou qualquer ponto que via
Nadava à exaustão
Não alcançando morria
Infeliz a situação
Do gado naquele dia
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Os que chegavam à margem
Pelo cais eram barrados
Lutando para escalar
Ficavam bem mais cansados
Sem condições de subir
Morriam já estafados
17
O fato virou manchete
A mídia mostrou a cena
No celular foi on-line
A perda não foi pequena
Todos queriam filmar
O desastre em Barcarena
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A imprensa logo chegou
De Belém a capital
Para informar direto
Da cidade industrial
Mostrando o ocorrido
Na TV e no Jornal
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A cidade em pavorosa
Em grande desolação
Acionou o estado
Pedindo sua atenção
O governo em resposta
Pôs a SESPA em ação
20
Os vigias sanitários
Cumpriram com seu dever
Coibiram feira e açougues
De carne imprópria vender
Agindo assim evitava
A má fé prevalecer
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Barreiras foram montadas
No rio em contenção
Barrando óleo e carcaça
A sair da embarcação
Amenizando a ameaça
Para a população
22
Depois do acontecido
Os dias foram passando
Os restos dos animais
Na praia iam chegando
E em decomposição
Na areia acumulando
23
O odor era enorme
Difícil de suportar
Até se usava máscaras
Para melhor respirar
Pessoas sentindo náuseas
Tratavam de se afastar
24
Os bois livres pastando
Na relva verde viviam
Até o dia nefasto
Quando de lá sairiam
Foram tirados do pasto
Onde não mais voltariam
25
Vida de gado é assim
Bois no pasto a engordar
Depois será o abate
Nas mesas indo parar
Esse por meios incertos
No rio foram findar
26
Tamanha fatalidade
destino cruel e frio
Afogou os animais
Só de pensar arrepio
O que estaria nas mesas
Ficou lá dentro do rio
27
Deus Pai com sabedoria
A tripulação salvou
Prevendo uma procela
O navio afundou
Em troca de sua vida
O gado sacrificou
28
Para se lidar com vidas
Deve-se ter mais cuidado
Para que possa evitar
Fatos deste aqui narrado
Servindo como exemplo
Fica dado o recado
29
O que foi escrito aqui
Nunca vai sair de cena
Vai ser difícil negar
O que houve em Barcarena
Se há mal que traga bem
Que tenha valido a pena
30
Para não ser esquecido
Fiz questão de registrar
E o motivo principal
Há de se investigar
Que possa ser corrigido
E outro sinistro evitar