CORDEL – Mote - A mulher nunca foi bife – Que amacia quando apanha
 
(1)
O país cheio de ginga
Seja no norte ou no sul
No sertão ou na catinga
Nem sempre tudo é azul
Tem muito cara patife
Que da fêmea se acanha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(2)
É preciso mais respeito
Já dizia o senhor Lunga
Não venha qualquer sujeito
Seja vestido ou de sunga
Nem morando no Recife
Com toda sua artimanha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(3)
Quando o macho chega a casa
Já cansado da labuta
Quase sempre ele atrasa
Parece filho da puta
Exige logo um rosbife
Não aceita pão com banha
A mulher nunca foi  bife
Que amacia quando apanha
(4)
E logo vai exigindo
Carinho com profusão
Enquanto ela se despindo
Não quer fazer confusão
E com pinta de xerife
Com aquela sua sanha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(5)
Na comida é exigente
Só do bom e do melhor
A mulher tão complacente
Já sabe tudo de cor
Mas o sujeito é patife
Confuso tal qual aranha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(6)
Reclama demais na mesa
Tudo tem gosto de fel
E fala até de impureza
É de tirar o chapéu
Com toda a sua meiguice
Mas ela sempre acompanha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(7)
Os garotos já enchendo
De escutar tanta lorota
Bem ligeiro vão comendo
Cada qual com sua bota
Porém se dela extorquisse
Com aquela sua manha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(8)
Mas na hora do descanso
Ele só quer cutucar
Então ele fica manso
De a tal mulher desejar
E bem lá no almoxarife
Com toda a sua artimanha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(9)
Mas o safado reclama
Que a mulher está parada
Ela já não mais o ama
De tanto sofrer calada
O sujeito um alarife (mau costume, bandido, valentão, ladrão)
Com uma pressa tamanha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(10)
Então logo na primeira
Que foi uma rapidinha
Nada mais que uma asneira
A fêmea não sai da linha
Aqui no grande Recife
Desde nos tempos de antanha (antigamente)
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(11)
O sujeito é pegador
Conhece de tudo a fundo
Parece que foi fundador
Da safadeza do mundo
Gosta do disse me disse
Tudo que vê abocanha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(12)
Esse cara é enxerido
Medroso, porra nenhuma,
Ele é sim pervertido
Quando logo toma uma
Nem que o mundo espatife
Com a boca ele arreganha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(13)
Noutro dia lá na vila
Deu em cima duma dona
Depois de tomar Montilla
E de gastar boa soma
Comprando roupa de grife           
Logo, logo se arreganha,
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(14)
A menina foi topando
Com a cara do sujeito
Esse mundo está mudando
Não existe preconceito
Mas quando vira esquife
Nunca mais que ele assanha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(15)
E começado o namoro
Com um carinho medonho
Tudo terminou em choro
Num clima bem enfadonho
Ele com todo cacife
Usando sua barganha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha
(16)
Mas ela era bem gulosa
Sempre disposta pra mais
Então ele bom de prosa
Doava-se até demais
Por perto estava o Nassif
Louco era por castanha
A mulher nunca foi bife
Que amacia quando apanha

 
 
Ansilgus
 
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 25/12/2016
Reeditado em 29/03/2019
Código do texto: T5862681
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