SEM LENÇO E SEM DOCUMENTOS
Sem lenço e sem documentos,
como diria Veloso
vou caminhando na vida
pelas terras do capital,
se ano novo ou natal,
se São João, carnaval
que diferença isso faz,
se mesmo no bolso ou na mão
não tenho nenhum quinhão,
nem mesmo pose de artista
Não sou nenhum alquimista,
sou palhaço, trapezista
vivendo na corda bamba,
por estas terras de samba,
fantasias, futebol,
de praias, de sol e mulatas,
não tenho ouro nem pratas,
muito pouco o que vestir.
Mas continuo a me iludir
que a vida vai melhorar,
que a chuva ainda há de cair,
que as sementes vão brotar,
mas ouvi falar um dia
que essa tal mordomia
não é para o cidadão,
é pra bandidos vilões
que nos roubam todo dia.
Sei que essa tal confraria
vai ter hora de acabar,
se o povo não se calar,
se abrir a consciência,
de tanta exploração
dos tantos que não tem nada
por poucos que tem de tudo,
mas, ser pobre não é ser mudo
e nem boiada demente.