CORDEL – Mote – A beleza sem virtude – É uma rosa sem cheiro – 11.12.2016
 
 
CORDEL – Mote – A beleza sem virtude – É uma rosa sem cheiro – 11.12.2016
Oitavas de sete sílabas poéticas
Rimas em ABABCDCD
Elisão optativa
 
(1)
Por conselho do meu pai
Eu aprendi logo cedo
É assim que a vida vai
Por favor, não tenha medo,
Contenha sua atitude
Cristo morreu no madeiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(2)
Até hoje na memória
Guardo essa nobre lição
Que ficará na história
De um grande cidadão
Começou na juventude
Porque dele sou herdeiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(3)
Do conselho não esqueço
Por isso me saio bem
E naquilo que mereço
Não invejo de ninguém
Vivendo na plenitude
Sou manso como cordeiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(4)
Respeitar é coisa boa
Mau nenhum faz a ninguém
Até na chuva ou garoa
Há males que são pro bem
E na minha magnitude
Eu vivo todo banzeiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(5)
Já conheci muita gente
Que é boa só de cara
Umas dizendo ser crente
Outras tomando na vara
Isso acontece amiúde
Muito mais por baderneiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(6)
A mulher sempre que gosta
De ser muito bem tratada
E detesta regra imposta
Quer ser bem valorizada
Com toda solicitude
Atendendo ao companheiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(7)
Corajoso é o sujeito
Que grosseiro for com ela
Não ganhará nenhum preito
Partindo do lado dela
Mas tem cara que é rude
Por vezes bem bagunceiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(8)
E tem até quem não goste
Duma fêmea bem faceira
Parece, contudo, um poste,
Não enxergando a roseira
É quando ele se ilude
Vai caindo no atoleiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(9)
Mas alguns cantam de grande
E se acham bem bonitos
Mas nada nele se expande
Só tratam mulher aos gritos
Ela em sua quietude
Dispensa tal arengueiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(10)
Há um provérbio que diz
Dá em mulher cai em cana
É nisso que está o xis
Pois o bruto também ama
Com toda decrepitude
Num ambiente rasteiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(11)
Tive várias namoradas
De todas tenho saudade
Mas lembro das palhaçadas
Que fazia de verdade
Quase vou pro ataúde
De gozar o dia inteiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(12)
E me amarrei numa delas
Que durou por muito tempo
Porém ficaram sequelas
Pra apagar só o vento
Perdi até a saúde
Palpite dum agoureiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(13)
Então em fiquei sozinho
Sem abandonar a fruta
De repente um namorinho
Sempre na boa conduta
Mas não fiz tudo que pude
No sol ou em aguaceiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(14)
Como sempre adorei rosa
Rainha de nossas flores
Sou vidrado numa prosa
Só não gosto de horrores
Pois prefiro a quietude
A mulher vem em primeiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
(15)
Toda rosa é uma flor
Mas nem toda flor é rosa
Tem essência de amor
É tal mulher amorosa
Namoro sem amplitude
E sendo amor passageiro
A beleza sem virtude
É uma rosa sem cheiro
 

 
Ansilgus
 
 
Imagem: GOOGLE

18/12/16 22:19 - Miguel Jacó interagiu com muita propriedade...muito obrigado:

Sou nascido no sertão,
Da caatinga do nordeste,
Um dito cabra da peste,
Mas nada de um valentão,
Conheço muitos puteiros,
Mas preservei as virtudes,
A beleza sem virtude,
É uma rosa sem cheiro.
ansilgus
Enviado por ansilgus em 15/12/2016
Reeditado em 18/12/2016
Código do texto: T5853656
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.