Da série: Um matuto apaxonado

Da série: Um cabôco apaixonado

Airam Ribeiro – 30/12/ 2006

Eça sodade marvada

Qui tá sintino vosmicê

É a merma a danada

Qui eu sinto de ocê

Sua maliça vai cabá

No dia qui eu xegá

Pra aligria nois dois tê.

As vêiz mêi apreçado

Paço inté sem inxergá

Fico um pôco cabrunhado

De tanto tentá, tentá

E nun decide a caboquinha

De saí da taperinha

Pra podê mim incrontá.

Fico cum minhas tristeza

Lá nun cantinho acuado

Pensano na incerteza

Dun dia tê ao meu lado

Mais quá, qui bobage!

Nunca tive eça corage

Dum cabôco valentuado.

O cavalo qui tenho agora

Vremêi e mais grandão

Nun sabe dos causo de otróra

Nem das dô do coração

Ele nun sabe nem trotá

Para podê ir donde tá

É sim, ele nun sabe não!

Do seu quintal cabisbáxo

Dicí um dia inté o portão

Iantis de xegá lá imbáxo

Ocê apertô minha mão

Foi a urtima vez qui tive lá

Donde é o seu lugá

Qui ocê min deu requejão.

Pode cê qui quarqué dia

Eu torno a saí pur lá

Pra de novo tê alegria

Só em podê te incontrá

Tem coisa cocê nun sabe

Tem dia qui da vontade

De corrê pra te abraçá.

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 02/12/2016
Reeditado em 28/03/2021
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