CORDEL ELE e eu 03

Acordei depois de uma hora,
A rede estava vazia...
sem volume, foise embora,
Enquanto o Miro dormia.
Mas Ele estava lá fora,
Cacho de uvas na mão agora,
Na parra de uvas, sorria.

Olá, digo olá cismado.
Eu perguntei, a uva está boa?
Sim só tô meio encucado...
Uva rosada, à toa?
Não, tem um significado,
Mas a deixamos de lado
Conte a saga que é boa.

A rede tinha um excesso,
A voz parece trovão...
Eu falava do sucesso,
Lá naquela escuridão...
Fiz quadra, rima pra verso,
Com verso? já sei universo
Me liguei pulei no chão.

Universo,  vou fazer...
Já acabou a escuridão.
Fiz bolas pra parecer,
Estrela, fiz de montão,
Fiz bolas pus pra crescer,
Enfeite lindo pra ver,
Notei a maior confusão.

Pus um tanto num lugar,
Um tanto no outro ligado,
São as galáxia pra girar,
Mas eu estava bem cansado...
Toquei numa pra arrasar,
Ficou bom, deixei rolar.
Elas resolveu babado.

Sei dias nenhum descanso,
Sábado fui dormir,
Pensei tô ficando manso,
Animei pra construir,
Eu gostei, já nem me canso...
Queria era ver avanço,
Faz um outro ia surgir.

Tem sábios aqui na terra
Diz que eu construí uns sete,
Porém todo sabido erra,
No norte, sul, leste e oeste.
Final onde está a terra.
Arrependi, só tem guerra.
Ô povo cabra da peste.

Povo que mora por ai,
Nem fiz, só participei.
Fiz este foi e desisti
Perdi tempo e caprichei.
Em outros até vivi,
Fiz bichos e deixei ali,
Pra seguir que comecei.
Aqui, Marte e Terra eu fiz com todo capricho,
Mais um, chamado: "Maldek por um cientista",
Foi em Maldek que eu observando um bicho,
Era um porco, fuçando numa lama esquisita,
Se ele fosse inteligente não comia este lixo,
Na hora parece que me veio num cochicho,
Faça um inteligente, você não é um artista?

Trovador... Achei ser uma boa e feliz ideia,
Peguei daquela lama que o porco fuçava,
Sentei-me à sombra de uma bela azaleia,
E enquanto o tempo corria eu trabalhava.
Misturei na lameira um pouco de panaceia,
Fui amassando e fazendo uma boa geleia,
Quando ela ficava no ponto eu já moldava.

Eu pensei, se o bicho ficar feio eu nem ligo,
Acredita que quando o bicho se formou,
Pensei isto só pode mesmo ser um castigo...
Fiquei pasmo, do jeito que a estátua ficou.
Arrematei ele todo fechando no umbigo,
Ô raiva, o tal caboclo se parecia comigo,
Pronto, fazer o que... Agora esculhambou.

Tudo bem... É só não pensar que sou eu,
Ficar achando que vai ser o mais gostoso,
Deixe o caboclo viver e já que aconteceu,
Eu quero ver se ele vai ser tão poderoso.
Dei uma soprada no cara, ele até gemeu,
Levantou e perguntou: quem vida me deu,
Eu sou um bicho manso ou sou perigoso?

Respondi: Você é o homem, nome é Adão,
O que vou fazer, no meio destes buchichos?
Você vai caminhar por este grande sertão
Enquanto caminha vá nomeando os bichos.
E olhe lá, trabalhe... Preguiça eu quero não.
Tudo o que você ver aproveita como lição.
Não se junte com animais que comem lixos.

Gostei dele, caipira que nem você trovador.
Ele já viu um bicho lobo subindo um morro,
Deu um grito que até me causou um pavor...
Este eu já sei, vou por o nome de cachorro.
Vou chamar de gavião este bicho voador,
Chamo de veado este bicho cheio de amor
O bravo chamo de Leão e depois eu corro.

Este eu chamo de pavão, pois, ele é bonito,
Este será elefante porque tem uma tromba,
Este é mono carvoeiro, só por causa do grito.
Este é hipopótamo, seu peido parece bomba,
Esta é uma águia porque voa até ao infinito,
E este veadinho eu vou chamar de cabrito,
E esta ave tão bela eu vou chamar de pomba.

Passou vinte anos e eu não vi mais o Adão,
Trovador, cismando com o que aconteceu,
Procurei o homem no meio daquele mundão,
Estava na sombra com cara que esmoreceu,
Perguntei: O que foi que pegou meu irmão?
Sentado na sombra com esta cara de bundão,
Que queria comer xibiu, mas a dona não deu?

Trovador, o jovem mancebo ficou nervoso..
Sabe que eu cheguei a ficar com muita dó,
Ele foi me explicando e falava todo choroso:
Deu fêmea a todo bicho, eu, deixou fiquei só.
Cara fiquei comovido me senti meio tinhoso.
Dei fêmea pra tudo quanto é bicho bocoió,
O homem que é pensante eu deixei no caritó,
Tive de consertar, foi um ato vergonhoso.

Eu disse: ta certo Adão, este seu mal me quer,
Foi mesmo um lapso, foi uma boa esparrela.
Mas fique tranquilo vou lhe dar uma colher,
Todo bicho tem, você não pode ficar sem ela.
Mas lama suja muito, mas faço se você quiser,
Deite-se aqui na pedra e vou fazer tua mulher,
Lama? Eu não! Fiz a danadinha da sua costela.

Trovador, não é que ela ficou uma boneca...
Fiz um narizinho lindo à boquinha vermelha,
Cabelos louros... Dei um jeitinho bem sapeca,
Coloquei até um brinquinho em cada orelha.
Coxas grossas... Dei-lhe um humor de moleca,
Caprichei mesmo foi na fenda da perereca....
E como ficou maravilhosa aquela pentelha.

Consertei o Adão, ficou cheio de felicidade,
Nem disse obrigado, saíram de mãos dadas.
Tudo bem... Fiquei feliz de fazer a bondade,
Achei bonito ver aquelas criaturas peladas.
E os dois sumiram na maior simplicidade,
Eles eram inocentes um casal sem maldade,
Eles se deram bem no meio das bicharadas.

Os bichos adoravam fazer mais bichinhos
Adão e Eva nos meio daquela bela euforia,
Começaram também a trocar uns carinhos
Logo aprenderam fazer o que o bicho fazia.
Adão logo falou, Eva vá mais devagarzinho,
Esta ficando gorda, coma só um pouquinho,
Mas Eva engordava mais e mais a cada dia.

Eu gostava de Maldek, era um belo planeta!
Divertia-me caminhando e vendo a paisagem,
Não é que um dia estava armando uma treta
Aparece Adão, Eva e um guri sem pelagem.
Fiquei muito alegre me senti um avô careta,
Nem sabia daquela novidade tão porreta,
Devia ter dado uma força na camaradagem.




Trovador olhe aqui, tenho uns problemas lá no meu novo universo, o que eu estou construindo para me aposentar de vez, mas qualquer dia venho terminar nosso papo, Agradeci e quem quiser ler este, quem sabe queira comprar o livro, vai ser o rimeiro cordel que pretendo publicar, pode ser que fiquem curioso e resolva adquirir o meu cordel né?








 
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 26/11/2016
Reeditado em 15/02/2021
Código do texto: T5835767
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