VOZES DA SECA...

VOZES DA SECA...

Nosso querido serrado

quando tempo de estiagem

fica todo acinzentado

as árvores perdem a folhagem

vozes da seca ouvi

no verão do cariri

radicalizando a paisagem.

A terra está ressequida

clamando a mãe natureza

não a deixe esquecida

mande água e certeza

dessa seca tão feroz

não voltar a ouvi r a voz

voz da seca é só tristeza.

A voz da seca entoa

canto penoso de morte

não tem água a lagoa

em casa tá seco o pote

os pássaros seguem voando

outros lugares buscando

tentando uma melhor sorte.

No alto daquela serra

a mata esta secando

os lagartos fazem guerra

o alimento buscando

vozes da seca, ouvi

no cantá da juriti

que penoso desengano.

Dentro da propriedade

o riachinho querido

é tocante, na verdade

poi se encontra ressequido

ouvindo da seca, a voz

que envolve a todos nós

hó que tempo tão sofrido.

Os animais emagrecem

da pena vê-los sofrer

aos poucos então, fenecem

lentamente enfim, morrer

pois a seca inclemente

maltrata a todo vivente

isto não queremos ver.

A estiagem é inserida

dentro do eco sistema

controladora de vida

abordá-la é o tema

mais quando ela exagera

ouvir tal voz, desespera

pra seca não tem esquema.

Então acaba o pasto

nosso avelós resiste

o sol forte seca o mato

a cruel seca persiste

o juazeiro também

sua folhagem mantém

por ser forte, subsiste.

Os barreiros vão secando

pois as águas estão sumindo

as aves vão debandando

pra outras regiões partindo

os animais aos bandos

vão aos poucos sucumbindo

o pessoal vai saindo

no forte sol se queimando

desolados, caminhando

vozes da seca ouvindo.

Ouve-se a voz da seca

deveras acentuado

quando as estações se fundem

num verão acrescentado

então macambira morre

só Deus mesmo, é quem socorre

o povo desesperado

faça paz ou faça guerra

jamais deixa sua terra

sofrendo resignado.

Ouvindo a voz da seca

no lajeiro ressecado

num riacho esturricado

nos animais que padecem

nas plantações que perecem

no povo atribulado

morre de sede, o gado

nem o cacto permanece

a vida desaparece

do nosso belo serrado.

José Valmir Araujo....

O Rimador
Enviado por O Rimador em 24/11/2016
Código do texto: T5833565
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