É uma mata minhas netinhas, é uma mata!
Um dia quem sabe tarvêz
Alguém vai se alembrá de mim
In quarqué ano, quarqué mêiz
Dei duro num foi fáci assim
Todos os dia cum muita aligria
Eu olhei qui as muda nascia.
Eu fiz uma mata pra ocêiz!
E eu via elas cresceno
Cum firmeza in riba do xão
Sintia aligria ao tá veno
Toda verdinha as plantação
Quando a xuva nun xegava
Água de longe eu carregava
Inriba dum carrin de mão.
Se argum dia eu ir na impreitada
Ou quando Deus xamá a gente
Dêxo a matinha plantada
Cum os frutos e semente
Mais plantinhas irão nascer
Como as outras vão crescer
Pra ajudá o mêi ambiente.
Cum trabái e muito suó
E tái do arame farpado
Do peso eu nun tinha dó
Nem do ombro calejado
As estaca era pesada
Dificuldade, qui nada!
Mermo cum o corpo suado.
Vai ta lá no buqueirão
Uma mata verdejante
Frutas vai tê de montão
Para xupá os viajante
Nun futuro nem vão se lembrá
Ô tarvêz nem vai falá
Qui das árvore fui amante.
Com sór quente do verão
Suas sombra irá amenizá
Cum os fruto in sua mão
Sua fome cêiz vão matá.
Eu vô min alegrá tomém
Pruquê dei pra Itanhém
Uma matinha especiá.
Fica os agradecimento
Qui faço cum coração
Nun ia fica no isquicimento
De Marciele São Leão
Algumas mudas ela min deu
Isso tudo enriqueceu
A floresta do buqueirão.
No firmamento estarei
Assim qui xegá meu dia
E de lá intão escutarei
Os pássaros cum aligria
Cantando e semeando
E no seu ninho pousando
Na hora da Ave Maria.
Airam Ribeiro 24.11.2016