Um matuto longe do mato

Airam Ribeiro

Fui passiá nun lugá

Ô lugazin deferente

Estranho as coiza de lá

É de se incabulá a gente

Nos meio das matação

O rio dece nun quinturão

Derna de lá da nascente.

Num hoté nois xeguemo

Coisa estranha cunticeu

Um butão nóis apertemo

Um caxote logo deceu

Apertamo um butão ali

Qui o danado danô subi

Levano uns povo e eu.

Nos corredô do edifiço

As lâmpada toda acendia

Nun intendia nada diço

Pois nas tomada nun se mixia

A portas tinha chave não

Infiava nela um cartão

Qui logo ela se abria.

Para vim as inergia

Se infiava outro cartão

As lampra logo acendia

Lumiano a escuridão

Eu ficava só ispiano

E a mente só preguntano

Quem feiz aquelas invenção.

Eu axêi foi ingraçado

Foi quando intrei no baiêro

Qui fiquei incabulado

Me deu inté dizispêro

Nun sabia abrí a tornêra

Aquilo tudo era doidêra

Pra esse caboco rocêro.

Ví um home qui intrô

Eu fui prestá atenção

Intão logo ele botô

Bem imbáxo a sua mão

Na tornêra nem triscô

Qui a água logo jorrô

Pra sua sastifação.

Era tanta incabulança

Desse matuto inocente

Eu banhava feito criança

Nun rio de agua quente

Lá fiquemo o dia intêro

Nun percupava cum o xuvêro

Qui ficava moiano a gente.

Vortemo a tardinha

Aí já cum muito frio

Pois aquela quinturinha

Era só lá dento do rio

Vortemo pro hoté de lá

E subimo pro quarto andá

Pra drumí eu os fio.

E aqui para terminá

A porta qui ta na entrada

Abria sem nem triscá

Intiligente a danada!

E quando a gente entrava

Logo de vez ela fexava

Sem se dá uma empurrada.

O qui mais min precionô

Foi numa casa da cidade

Pois lá nóis logo entrô

E para noça felicidade

Diêro vinha aos montão

Quando se botava um cartão

Nunca vi tanta felicidade!

Eças coiza qui eu vi

Foi no estado de Goiais

Coisas bunita tem alí

Nun vô minsquecê jamais

Vortá lá axo qui não

Min dô bem no meu rincão

Onde tá meus animais.

De fato foi tudo bunito

Mais quis logo eu vortá

No mato nada é isquizito

Lá tudo é bem naturá

É de lá que eu vejo a lua

O qui nunvejo aqui da rua

Pra eu podê apreciá.

Airam Ribeiro

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 23/11/2016
Reeditado em 28/03/2021
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