O AMANHECER NO SERTÃO

Ao romper da madrugada

O sol de mansinho chegando

A chuva se retirando

Chega a hora do plantio

Após banhar-me no rio

Levando um balde na mão

Ouvindo o pássaro carão

Saudando o alvorecer

Não há como esquecer

O amanhecer no sertão

É a hora da ordenha

Sigo firme pro curral

Acarinho cada animal

E logo o balde tá cheio

Parto ouvindo o gorjeio

Do sabiá, do azulão

Ponho lenha no fogão

Espero o leite ferver

Não há como esquecer

O amanhecer no sertão

Rosa me espera na cama

Gemendo, se insinuando

Eu vou logo lhe abraçando

Lhe apago a chama do amor

E ali sob o cobertor

Confesso a minha paixão

Na mesa uma oração

Agradecendo o viver

Não há como esquecer

O amanhecer no sertão

Com a enxada sobre o ombro

Pra roça sigo feliz

Verde de todo matiz

É o milagre do inverno

Acabou-se o inferno

Já tem milho, tem feijão

Engordou meu alazão

Acabou o meu sofrer

Não há como esquecer

O amanhecer no sertão.