CARNAVAL

O carnaval é um momento

Diluidor da rebeldia

Onde se faz a travessia

Para um mundo irreal

Qualquer excesso é normal

Toma-se pileques de ilusão

Dribla-se a solidão

No copo, afoga-se a saudade

Foge-se da realidade

Só se ouve o coração

Na quarta-feira de cinzas

Reencontro com a razão

Faz-se reflexão

Bate o arrependimento

Joga-se promessas ao vento

E diz-se um nunca mais

Não acredite jamais

Pois todo ano é assim

Promessa de arlequim

Não resiste a carnavais

Ingrata a quarta-feira

Pois é quando a máscara cai

A ilusão se vai

Bate a porta a solidão

O maltratado coração

Bate descompassado

O seu outrora aliado

Se retrai covardemente

E qual a vontade da gente?

Continuar mascarado