A lenda do peixinho vermelho Por: Damião Metamorfose.

*

livro "Libertação", de André Luiz

Psicografia de Francisco Cândido Xavier

*

Conta à lenda que existia

Em meio a um grande pomar.

Um fabuloso jardim ,

Com flores perfumando o ar

E ao centro um lago moldado

Com ladrilho adornado

Azul turquesa a reinar!

*

Alimentando o lugar

Um diminuto canal

De pedra que escoava

Por uma grade de metal

E ao final desembocava

Do outro lado e decantava

No lago artificial!

*

Naquele lindo termal

Vivia a comunidade

De peixes refestelando-se

Nédios da comodidade.

Por entre as locas viviam

E despreocupados comiam

Propícios à obesidade!

*

Em meio à diversidade

Do lindo lago azulado.

Havia um peixe vermelho

Que era menosprezado

Por todos e não comia

Porque nunca conseguia

Pegar o alimento jogado!

*

Gorduchos e esfomeados

Arrebatavam a comida

E os lugares consagrados

Para descanso e guarida.

E vermelhinho que sofresse

Se escondesse ou corresse

Senão pagava com a vida!

*1*

Não encontrando acolhida

No vastíssimo lugar.

Dispunha de tempo livre

Pra o lazer e estudar.

O lago e o aguadouro

E a grade do escoadouro

Não tardou ele a encontrar!

*

Ao vê a água a escoar

Pela estreita cavidade.

A frente do imprevisível

Viu a oportunidade

De ir contra a correnteza

E devido a sua magreza

Passar na tela da grade!

*

Mesmo com dificuldade

Ensaiou com atenção.

Perdeu diversas escamas,

Nas tentativas em vão.

Mas por não ser pessimista

Ele avançou otimista

E passou com precisão!

*

Do outro lado a visão

Deixou Vermelho encantado.

Paisagens ricas em flores,

Sol brilhante em tons dourado.

Boquiaberto e igual criança

Embriagado de esperança

Seguiu nadando apressado!

*

Pelo reguinho apertado

Viu aves no céu voando.

Animais de toda espécie

Todos parabenizando.

E desejando boa sorte

Por achar seu rumo norte...

E vermelho sempre nadando!

*

Foi nadando e desbravando

E admirando o roteiro.

Fez vários amigos novos

De passagem e verdadeiro.

E ao final do desafio

Alcançou o grande rio

Depois de um despenhadeiro!

*2*

Viu as margens o tempo inteiro,

Árvores, homens, animais,

Pontes, palácios, cabanas,

Edifícios colossais...

E por vir da dificuldade

Não perdeu a humildade

E as levezas naturais!

*

Viu telas quase iguais

As do lago azul turquesa.

De canais desembocando

No rio, e viu a beleza

Multiplicada e suprema

Dos peixes na piracema

Subindo na correnteza!

*

Deparou-se com a grandeza

Do oceano e ao ver o mar.

Viu também uma baleia

E foi pra perto lhe estudar.

Então tirou a conclusão

Que a água do lago azul não

Dava nem pra ela lanchar!

*

Foi tão perto para olhar

De tão, tão impressionado.

Que a baleia lhe engoliu

Com o plâncton que era tragado

Por ela na refeição.

E vermelho na escuridão

Viu seu tempo confinado!

*

Reconheceu ter errado

E em apuros orou

Ao Deus de todos os peixes

Que o ouviu e o libertou

E o gigante animal

Deu um soluço brutal

E vermelhinho se salvou!

*

Para o mar ele voltou

E o pequeno viajante

Agradecido e feliz

Procurou dali por diante

Companhias mais simpáticas

Pra evitar as problemáticas

E o perigo constante!

*3*

Viu que o mundo era inconstante

E de infinitas riquezas.

E encontrou estrelas moveis

Plantas que parecem acesas.

Animais lindos e estranhos,

De variáveis tamanhos,

Encima e nas profundezas!

*

Flores de raras belezas

No fundo do oceano.

Peixinhos estudiosos

Como ele, e sem engano,

Parecidos, quase igual...

E no palácio de coral

Feliz, calmo e “soberano”

*

Soube também que no ano

Que a seca se apoderar

Dos lugares como o lago

Azul, seu antigo lar.

As águas de outra altitude

Continuariam amiúde

A correr de encontro ao mar!

*

Vermelho ficou a pensar

E chegou a conclusão.

Que aqueles com quem viveu

Morriam com a sequidão.

E ficou a se indagar

Se devia ou não regressar

Com a valiosa informação!

*

Tomado de compaixão,

Vermelho não hesitou.

Fortalecido com o grupo

De amigos que o apoiou.

Pegou o caminho de volta,

A principio com escolta

E depois sozinho ficou!

*

Saiu do mar e adentrou

No rio e depois regato.

Riacho, córrego até o

Canal no meio ao mato.

Que levava ao antigo lar,

Feliz por poder levar

As verdades sobre um fato!

*4*

E logo no primeiro ato

Por ser esbelto e treinado.

Varou a grade e pulou

Caiu no lago azulado.

Pensando que iam vibrar

Ao vê-lo ao lar retornar,

Mas ficou decepcionado!

*

Ao ver que o mesmo estado

Ocioso que deixou.

Não tinha mudado em nada

E sim, ele piorou.

Pois estavam tão pesados

Dorminhocos, repimpados...

E nem viram que ele voltou!

*

O vermelhinho gritou!

Nos lamaçais entre as locas.

Mas nem se deram ao trabalho

De sair das suas tocas.

Ou dos seus ninhos lamacentos,

Limitavam os movimentos

Pra comer, larvas, minhocas...

*

O vermelhinho se choca

Com a dura realidade.

Ao ver que ninguém sentiu

Sua falta ou teve saudade.

Cabisbaixo procurou

O rei das guelras e contou

Da aventura e a novidade!

*

Entorpecido a majestade

E com mania de grandeza.

Reuniu todos os peixes

E permitiu com avareza.

Que se explicasse o mensageiro,

Se possível bem ligeiro

Pra não gastar-lhe a beleza!

*

Vermelhinho com clareza,

Mas sentindo-se desprezado.

Contou com ênfase que havia

Um mundo a ser explorado

Com água em exuberância

E que era a insignificância

O lago azul limitado

*5*

E que com o tempo estiado

O lago ia secar.

E todos iam morrer

Sem o que se alimentar.

E no outro mundo glorioso

O liquido tão precioso

Jamais ia se acabar!

*

Que além daquele lugar

Do escoadouro pra fora.

Desdobravam-se outras vidas

Rios, córregos, fauna, flora...

E por fim chegando ao mar

Nem dava pra calcular,

Lá é que a vida vigora!

*

Disse que tinha lá fora

Salmões, trutas e esqualos.

Os peixes lua e coelho

E também os peixes galos.

Homens, cidades, jardins...

E astros brilham nos confins

Dos céus, para iluminá-los!

*

Pensando em ajuda-los

Vermelho se ofereceu

Levar todos ao palácio

De Coral, onde viveu.

Com ênfase expôs a verdade

Mas disse: essa liberdade

Tinha um preço, e, descreveu!

*

Todos assim como eu

Precisam emagrecer.

-Tentou falar da aventura...

E quase chega a ensurdecer.

Com a gargalhada estridente

Dos peixes simultaneamente,

E não teve um só pra crer!

*

Sequer tentaram entender

E os oradores tomaram

A palavra do vermelho

Solenemente afirmaram

Que na magreza que ele estava

Adoeceu e delirava...

Francamente, balbuciavam!

*6*

O mundo era onde eles estavam

Outro, jamais existia.

Riachos, rios e mares...

É delírio, fantasia.

-Deus dos peixes simplesmente

Pensa em nós unicamente

O lago é nossa moradia!

*

Com todos por companhia

Pra ironizar vermelhinho.

Mostrou a grade e falou

Não vês que esse buraquinho

Não cabe uma só barbatana

Do rei, pensa que me engana?

Some daqui seu tolinho!

*

Volte, mas volte sozinho,

Some peixinho perverso...

Não perturbe o bem-estar

O lago é o centro do universo.

Nossa vida é triunfal,

Ninguém possui nada igual,

Tome o seu caminho inverso!

*

E a golpes fortes dispersos

O sarcástico rei o expulsou.

E o caminho da vida

Vermelhinho realizou.

E dessa vez mais veloz,

Pois do lago até a foz

O caminho pouco mudou!

*

Mesmo assim observou

Que muito tinha mudado.

A paisagem já era outra

Diferente do passado.

Pedras fora do lugar,

Difícil até pra passar

Com o leito interditado!

*

Tronco de árvore atravessado

De um lado a outro do rio.

A água estava mais turva

Era um grande desafio.

Enxergar com precisão

Sem errar a direção,

Mas vermelho era arredio!

*7*

Os peixes estavam no cio

Todos contra a correnteza.

Na época da piracema,

Meu Deus é tanta beleza!

E os meus amigos de infância,

Por vaidade e ganância

Em água limitada e presa!

*

E nadando com destreza

Continuou velhinho.

Cumprimentando a todos

Que encontrava no caminho.

Feliz por ter retornado

E triste em não ter salvado

Os peixes do rei mesquinho!

*

Fez o percurso todinho

E ao Palácio retornou.

Lá encontrou seus amigos

E contou o que passou

E no Palácio do coral

Foi o destino final,

Onde vermelho ficou!

*

O peixe vermelho mostrou

Coragem e honestidade.

Dedicação e estudo

E respeito pela irmandade.

O seu caminho percorrido

É o caminho a ser seguido

Libertação, lealdade...

*

Com a seca e a calamidade

Os peixes viveram um drama.

As águas desceram os níveis,

O lago azul virou lama.

Deu pra vê que a vaidade,

Egoísmo e a desigualdade

Foi o propulsor da trama!

*

Deus ou o destino nos chama

A ouvir um simples conselho.

Mas o nosso egoísmo

Impede de ir ao espelho.

Assim mostra a lenda de

O lago e o peixinho vermelho

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 26/10/2016
Código do texto: T5803570
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