Casa de taipa

Aquela casa de taipa

Lá num canto do cercado

Antro de mal assombrado

Há tempos, abandonada

Pois lá ninguém faz morada

Só resta melancolia

Tristeza por moradia

Portas caindo aos pedaços

Vai-se ruindo em fracassos

O que foi vida um dia.

Naquela casa de taipa

Tinha sala e cozinha

O quarto ou camarinha

Na erma distante brenha

Um velho fogão a lenha

Um pote abandonado

Uma janela de lado

Rangendo incontinente

Num lamento comovente

Recordando o passado.

Naquela casa de taipa

Gente nasceu e cresceu

Gente que por lá morreu

A vida fluía assim

Tempo bom e tempo ruim

Que ela testemunhou

A quem hoje da valor

Pelo que ela merece

Mas, seus préstimos oferece

O poeta rimador.

Aquela casa de taipa

Já viu fartura, doutor,

Porque quem nela morou

Plantava e criava gado

Veja o curral de lado

Destroçado, é verdade

A dona modernidade

Tangeu o povo pra fora

Porém, o que resta agora

São resquícios do passado.

Naquela casa de taipa

O telhado está caindo

Formigueiro se expandindo

Na beirada da parede

Caiu armador de rede

Parede se esburacando

Só maribondo morando

E morcego aventureiro

Servindo de companheiro

Seu final anunciando.

Naquela casa de taipa

Há um pé de mulungu

E também um pé de umbu

Abrigo pra passarada

Lugar onde a criançada

Se divertia legal

Na infância angelical

Brincava a mais valer

E dali iam fazer

O seu quartel general.

Naquela casa de taipa

Sopra o vento murmurando

Velha casa soluçando

Portas velhas sucumbindo

Rangidos vão se ouvindo

Como profundo lamento

Expondo meu sentimento

Termino este trabalho

Na saudade agasalho

Sentindo seu sofrimento.

J.V.A.. O Rimador...

O Rimador
Enviado por O Rimador em 21/10/2016
Código do texto: T5798995
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