o que não tem neste mundo

escrevo agora dizendo

O que não tem neste mundo

Transatlântico navegando

Num copo d’água sem fundo

Invertebrado com osso

E ateu rezando um pai nosso

Em menos de um segundo.

Eu sei que não tem no mundo

Trinta e um de fevereiro

Banana maçã vingando

Num galho de Juazeiro

Mudo gritando e dizendo

Lavai o pastor correndo

O ladrão do meu dinheiro.

Água potável com cheiro

Tirado dum poço em Marte

A NASA chegando ao sol

Pernilongo dando infarte

Marcianas revoltadas

Querendo as águas roubadas

Armadas de bacamarte.

Zoológico habitável em Marte

Com floresta tropical

Bento XVI pregando

Na Igreja MUNDIAL

E a Igreja vir pedir

Pra Henry – cristo assumir

E sentar no trono papal.

Dor numa vértebra dorsal

Do corpo dum pirilampo

Um urubu acamado

Com AIDS febre e sarampo

Mula estéril engravidando

Cristo pra o papa ligando

E satanás botando grampo.

Blecaute num pirilampo

Por causa do quente clima

O jumento respeitando

Sobrinho irmã e prima

Um surdo e mudo escutando

Um passarinho cantando

Com oração métrica e rima.

Alguém descendo pra cima

Eu nunca vi nem vou ver

Alguém subindo pra baixo

No mundo não pode ter

Sair pra dentro, e agora?

Alguém entrando pra fora

Eu não consigo entender.

Com mil anos sem chover

Numa roça ter fartura

João de barro fabricando

Imagem de escultura

Deus a ela castigando

Porque a viu blasfemando

Contra a sagrada escritura.

Deus quebrando a sua jura

Que fez como aliança

Alguém vencendo na vida

Sem ter no peito esperança

Não existe sol sem ser quente

Recém nascido inocente

Com falsidade a criança.

Prosperar sem ter mudança

Sem seus erros levar fim

Não tem mal que seja bom

Nem bem que seja ruim

Prostituta ser donzela

Jardim com uma flor bela

Sem ser regado o jardim.

O rei dos reis não tem fim

Mais o mal se acabará

Não tem bem no inimigo

Não tem mal num sabiá

Não tem cérebro sem cabeça

Não tem homem que conheça

Quando o senhor voltará.

Não existe bem que virá

Pra lhe fazer algum mal

Mais de um no singular

Zero sem ser numeral

Matemática sem resposta

Um cassino sem aposta

Um ou menos no plural.

Água salgada sem sal

Nem mel que não seja doce

Um homem sábio dizer

Que Jesus um burro fosse

Um sábio que engana e mente

Vida que não se alimente

E Algum fel ser agridoce.

Eu nunca vi algum doce

Ser atraído do sal

Nunca vi invertebrado

Com coluna vertebral

Um cego de guia ver

Ladrão sem se arrepender

Deus lhe perdoar do mal.

Nunca vi canavial

Plantado no alto mar

Sem existir terra firme

Sem ter vento e luz solar

Homem sem cabeça andando

Sorrindo alegre e pensando

Que o mundo vai se acabar.

Um rio maior que o mar

De água doce e mineral

Que tem tubarão baleia

Camarão e bacalhau

Um cavalo assoviando

E um macaco discursando

No congresso nacional.

Lazaro Monteiro Dantas
Enviado por Lazaro Monteiro Dantas em 10/10/2016
Reeditado em 07/03/2024
Código do texto: T5787480
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