Versos de sarapatel
Versos de sarapatel
I
Traga cá minha buchada
Depois um sarapatel
Enquanto palito os dentes
Vou tecer o meu cordel
Da ponta ao fim da peste
Bordando verso por verso
Desenhando o meu nordeste!
II
Se não tiver a buchada
Pode servir um cuscuz
Com leite, nata e piaba
Um café feito na luz
Em verso cabra da peste
A partir de agora falo
Do meu amado nordeste.
III
Essa terra abençoada
De brejo, comadre e pipa,
Todos enfeites do céu
Do ouro é a pepita
Do amor cabra da peste
Feito na ponta da língua
Dos fuxicos do Nordeste.
IV
Aqui tem a panelada
Feita das tripas do bode
Pela doce mão da santa
Porque só come quem pode
O encabrestrar da pedre
Essa iguaria tem é tino
Nascida cá no Nordeste.
V
Se estou com uma tosse
Quero logo lambedor:
Açúcar, água e malva
Pelas mãos do curador
Que expulsa toda peste
Uma reza bem braba
Só feita aqui no nordeste
VI
Terra de milho e feijão
Melancia e avoete
Carne seca e cachaça
Jerimum e o Colchete
Cangaceiro como peste
Pavio, quartinha e Coepete
Neste Brasil de Nordeste.
V
Alegria se encontra
Nos dias de invernada
Feliz na terra chuvosa
O bando de meninada
Uma algazarra da peste
Que nem os pintos ciscando
Visto cá no meu nordeste
VI
Nordeste de padre Ciço
De Ramalho e de Gonzaga
Alceu, Gil, Sivuca, Nando
Jaques, Marinês, a zaga
Gente boa dessa peste
Que não cabe aqui dizer
Nesse decente Nordeste
VII
E se não tem a buchada
Pois me traga uma tripa
Tou aqui em desespero
Com a boca que só ripa
Pra queimar cabra da peste
No meu verso já quarado:
De origem sou Nordeste!
Marcus Vinicius