O PROFESSOR INFELIZ

Um professor de labuta

Muito economicista

Combatente dos desmandos

Ditadores e golpistas

Não vai para a assembléia

por que é um anarquista.

Se surpreende com a falta

Do bom senso natural

Seres humanos brilhantes

De intelecto anormal

Pensam fora do contexto

Da conjuntura atual.

Em uma luta de classes

O interesse do ‘peão’

Precisa ser condizente

Com os gastos do ‘patrão’

Que nunca são demonstrados

Com clareza e precisão?

É difícil de entender

Tanta falta de dinheiro

Quando vemos na TV

Escorrendo no bueiro

Propagandas ilusórias

Verba que vira poeira.

Enquanto a Educação

Fica sempre relegada

Terceira ou quinta opção

Nunca é priorizada

Somente na eleição

É que é valorizada.

A prática nós conhecemos

Fica tudo dominado

De um lado os partidos

Alinhavando aliados

E nós como expectadores

Sendo todos enrolados.

Foi sancionado um piso

Lei da esfera federal

Que ninguém nunca respeita

Nem a esfera estadual

Muito menos os políticos

Da esfera municipal.

Professor que estudou menos

Recebe o estabelecido

Já aquele que avançou

Fica no meio metido

Pois ganha acima do piso

Não deve ser promovido.

Uma verba federal

Tem que ser distribuída

E o que é pra Educação

Mal chega e é diluída

Nos projetos de ilusão

Divulgados pela mídia.

Se o trabalhador faz greve

Por uma causa bem justa

Mais qualidade de vida

Conta bancária robusta

A Justiça fica contra

Vivermos às próprias custas.

Quer nos ver é todo ano

Pedindo ‘esmola’ na rua

Reivindicando o que é lei

A pura verdade nua

Mas perdemos os direitos

Por conta das falcatruas.

E a nobre Liderança

Do povo trabalhador

Que atua nos Conselhos

Pra ser fiscalizador

Come ‘reggae’ come ‘pilha’

Na luta que se alistou.

Aceita-se de um lado

Um acordo bem passivo

Por tratar-se de aliado

Enquanto é mais ativo

Com o outro ‘negociante’

Por tê-lo como inimigo.

E no meio dessa intriga

Dos colegas partidários

Um trabalhador honrado

Livre pensador diário

Quando se expressa na luta

Vira um reacionário.

Por querer que aquele espaço

Se preocupe apenas

Com sua categoria

Que carrega às duras penas

‘o sofrimento do mundo’

Em suas costas pequenas.

A luta é contra tudo

Que há de mal nesse mundo

Violência desrespeito

O excesso de defunto

Racismo homofobia

Golpe baixo no seu fundo.

Tem secretário empresário

Cotado pra ser prefeito

Diretor de sindicato

Lutando pra ser eleito

E políticos chamando

O povo para o pleito.

Eu não preciso optar

Entre um ou outro lado

Sigo numa via inteira

Sem partido atrelado

Meu pensamento é livre

E o que eu pensar ‘tá pensado.

Um apelo pra Justiça

Seria o ideal

Contra o reajuste zero

Provando que é irreal

A desculpa apresentada

A verba é usada mal.

Se cada categoria

Defender os seus direitos

O povo trabalhador

Ficaria satisfeito

Sem política partidária

Para fazer do seu jeito.

Por isso esse pregão

Que agora vou pregar

Na cadeia o Robin Hood

E também o Ali Babá

Que haja honestidade

Para o Brasil Avançar!

Jotacê Freitas, Salvador, 18 de maio de 2016.