INFORMÁTICA LUNÁTICA
INFORMÁTICA LUNÁTICA
I
Da "burrada" me arrependo...
pois só agora compreendo
a besteira que eu fiz.
Troquei datilografia
por alta tecnologia...
ah, como estou infeliz !
I I
O "troço" só tem "segredo",
mexer nas teclas dá medo,
um descuido tudo "apaga" !
Passo horas digitando...
se demoro num comando
"some" o texto, "é uma praga"!
I I I
Nem vendo se pode crer:
o que se quer escrever
o desalmado "adivinha"...
e vai dando o seu "pitaco",
é coisa de "encher o saco",
qual cantiga de vizinha.
I V
Se escrevo TE vem... teatro,
depois o "diabo a quatro":
terra, terno e vai além !
Eu, que digitei TERNURA,
aguento essa tortura,
que não merece ninguém.
V
Num texto falei de esmola,
o PC "não me deu bola",
avermelhou o vocábulo.
ESPÓRTULA, escrevi...
o PC quis corrigir,
eu me senti num estábulo !
V I
"Palavra não encontrada,
tem alguma coisa errada"!,
o PC sentenciou.
Tentei tirar o acento,
conforme o "Regulamento"
que o PTismo "inventou" !
V I I
É nessa "Democracia"
que a gente -- sem alegria --
vê-se OBRIGADA a tudo.
Pra quem aprendeu direito,
é uma falta de respeito
ter que IGNORAR o estudo !
V I I I
Quero IMPRIMIR... "tem certeza?"
me questiona, sobre a mesa,
essa geringonça fútil,
pois de TUDO ela duvida
e -- não tendo outra saída --
respondo a pergunta inútil !
I X
As más palavras eu meço...
com "puta" dor me despeço
do novo computador,
pois aquele desgraçado
me deixou descabelado
de tanta raiva e pavor.
X
Comparando -- onde fôr --
dizem que o computador
é como a nossa mulher:
não se entende o que êle "fala",
se acha o maior, na sala,
nada faz do que se quer !
X I
Exige total paciência,
é fenômeno da Ciência
mas não dá passo sozinho.
Requer vários acessórios...
em casa ou nos escritórios
só funciona com carinho.
X I I
Se tratá-lo "na porrada"
vais passar a madrugada
sem acessar seus "serviços".
Usou "software" barato ?!
Êle acha um desacato...
"cospe", "empaca" e não sai disso!
X I I I
Lembrando o Passado venho...
ai, que saudades que eu tenho
da caneta e do papel.
Não precisava ter pressa,
podia pensar abessa...
estou maluco, "pinel" !
X I V
Carbonos pra outras vias,
textos sem ortografia...
volto ao Passado, oh , raios !
Para gravar meus poemas
sem deslizes nem dilemas
eu comprei 3 papagaios.
X V
Era do papel carbono,
ninguém perdia seu sono
temendo um "hacker" pivete.
Troco 10 vezes a senha
mas meu medo é que me venha
um "diabo" da Internet.
X V I
Estes "vermes" bisbilhotam
emails de todos e anotam
detalhes bem pessoais,
pra depois chantagear,
pressionar, lograr, furtar,
das formas mais imorais.
X V I I
Chega de benevolência...
pra quem não tem consciência
o castigo é a prisão !
Dê-lhe pedra e mais cinzel,
em vez de lápis, papel,
pra aprender uma lição !
X V I I I
Minha vida é um "inferno"...
não quero voltar ao terno
tempo do mata-borrão,
mas ter que aturar "capetas"
me "invadindo" com "mutretas"
eu também não quero, não !
"NATO" AZEVEDO
(em 16 - 25/set. 2016)
Dedicado à amiga virtual, poetisa
ISANDRILLY IANDRA, que adora
uma máquina de escrever.