CORDEL PARA UM GRANDE MESTRE (DR. ODON)

I

Amigo, eu peço licença

Para contar uma história

Cheia de luz e de glória,

Que o tempo não vai levar;

A luz não vai se apagar

E no bom Deus tem valia;

E é motivo de alegria

Para o povo do lugar.

II

Um rapaz simples da terra

Um dia logrou partir,

Para os estudos seguir

No sonho de ser doutor.

Para o Crato o lutador

Pouco a pouco foi rumando;

Na vida sempre estudando

E agregando mais valor.

III

Em Pio Nono não podia

Alcançar o seu intento,

Sem estabelecimento

De ensino mais eficaz.

Partindo cedo, o rapaz

Deixando o cheiro do mato,

Preparou-se bem no Crato

Para a saga mais audaz.

IV

Seguiu para mais distante

Do carrasco e o bambuzal,

Para a terra de Nassau

Com coragem se mudou.

Lá, melhor se preparou

Em um pré-vestibular;

E conseguiu ingressar

No curso que desejou.

V

Por muitos anos de luta

Ele foi recompensado.

Veterinário formado,

O mundo ficou pequeno.

Com pensamento sereno,

Sabendo o que bem fazer,

Procurou desenvolver

Seu saber de modo pleno.

VI

De Olinda, tempos depois,

O menino do sertão

Já com diploma na mão,

Garra de conquistador,

Conhecimento e valor

No ramo veterinário,

Esse ex-universitário

Tornou-se pesquisador.

VII

Buscou aprimoramento

Diverso e bem mais profundo,

Em outras partes do mundo

A respeito dos quirópteros.

Que, à noite, quais lepidópteros,

Voam para todo lado,

Deixando o povo assustado,

Qual fosse o som de helicópteros.

VIII

O pesquisador nos trouxe

Um grande conhecimento;

E seu reconhecimento

É mais do que merecido.

Com ele temos perdido

Alguns medos sem razão:

“Morcego é parte do cão”;

É “sangrador esganido”.

IX

A verdade é que o morcego,

Grande polinizador

E também bom caçador,

Não é sobrenatural.

Quase nunca nos faz mal,

A não ser por endemia,

Transmitindo hidrofobia...

- De resto, é bicho normal.

X

Morcegos ditos vampiros,

Esses sim gostam de sangue.

- Mas, por favor, não se zangue,

Não se transformam em Drácula.

Ao morderem, deixam mácula

De árdua cicatrização.

Evite aproximação

Dessa coisinha simpática!

XI

Em muitas terras além,

Morcegos são venerados;

Em outras, são execrados,

Aqui têm bom tratamento.

São a base do alimento

De outros seres da floresta...

Guanos, cavernas em festa,

Sonares cortando o vento.

XII

É o que eu posso lhe contar

Nesta breve explicação,

Pois não tenho formação,

Ser poeta é simples dom.

E se o trato não foi bom,

Eu conheço alguém capaz,

Que conhece muito mais:

- Procure o DOUTOR ODON!

***

NOTAS:

Terra de Nassau – A cidade de Recife. Em alusão a Maurício de Nassau, holandês que fundou essa cidade.

Quirópteros – Morcegos;

Lepidópteros – Mariposas, alimento preferido dois morcegos;

Hidrofobia – Doença transmitida tanto pelo morcego infectado, quanto pelo cão;

Drácula – Personagem lendário, que tem a fama de aleimentar-se de sangue; vampiro.

Doutor Odon – Médico Veterinário – UFPE, natural da cidade de Pio IX (ou Pio Nono), o homenageado no poema.

Jarrê
Enviado por Jarrê em 26/09/2016
Reeditado em 03/07/2017
Código do texto: T5773194
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