O CONTADOR E A ANDORINHA ENCANTADA
Você que vai passando,
você que já chegou,
vem para perto de mim
que agora eu vou contar,
eu agora vou ser o narrador
das minhas dores de amor:
Eu a vi pela primeira vez,
não me lembro bem o dia,
só sei que era janeiro
dentro de mim só alegria,
foi na festa de Reis
que para mim ela sorria...
Sorria dentro dos meus olhos!
Sorria para o meu coração!
Me mandou um beijo à distância
aquela moça menina criança
que fez ficar apaixonado
esse cara de sorte, arretado.
A gente se viu de frente a igreja
já tocamos as nossas mãos,
saímos caminhando pelas ruas
sem prestar muita atenção;
saímos de mãos bem dadas
e enlaçados pelo coração.
Pena que durou pouco
esse desejo danado
porque eu não sabia
que aquela doce alegria
era filha do coronel Zé Paraíba
homem temido e brabo!
Me pus a correr por aí
como quem corre da morte
batendo canela o mucumbuco
saindo sem deixar rastro
corri por mais de dois dias
sem sentir sede ou fome
corri daquele homem
que me queria ver derrubado...
Certo dia eu estava
debaixo do pé da goiabeira
quando uma andorinha branquinha
pousou em minha cabeça:
tinha nos pés amarrados
uma fita dourada em laço,
puxei a ponta do danado
a andorinha se desencantou,
caindo logo em meus braços
a dona do meu amor.
Não pense que foi sonho ou delírio
não pense que estou enganando
a história que acabo de contar
é história de grande amor
desse feliz contador
com a moça mais linda
que Deus na terra colocou.