FREI DAMIÃO - UM SERVO DE DEUS
Em um país da Europa
Em solo italiano,
Nasceu Pio Giannoti
Na cidade de Bozzano.
Para seu contentamento
Cedo foi para o convento
E se ordenou Franciscano.
Aos Doze anos de idade
Recebeu a eucaristia
Compartilhando com cristo
Aquela sua alegria,
E era seu pensamento
Depois daquele momento
Sua vida mudaria.
Já não seria o mesmo,
O garoto de outrora
Espantaria os doutores
De sua época de agora,
Ávido de conhecimento
E grande devotamento
Em cristo e Nossa Senhora.
Entregou-se aos estudos
Em prol da humanidade
Distribuindo ao mundo
Sua solidariedade
Levando à todos o bem
Que o mundo era refém
Do ódio e da vaidade.
E aquele menino pobre
Queria contribuir
Com o senhor Jesus Cristo
Pregando paz para unir
Todo o rebanho de Deus
Com os sacrifícios seus
E com amor construir!
Dedicando sua vida
Em prol dos necessitados,
Dos carentes de amor,
Quem vivia seus pecados
No seu desterro profundo
Nas vaidades do mundo,
Prazeres ambicionados.
Ainda moço lutou
Na primeira grande guerra
Em Mil Novecentos e Dezoito
Defendendo a sua terra
Vendo nisto enorme falha
E lá no front de batalha
Este serviço encerra
Retornando ileso e são
Aos vinte anos de idade
Para estudar no convento,
Que era sua felicidade,
De ser um servo de Deus
Para crentes e ateus
E toda a humanidade.
Este frade capuchinho
Estudou teologia
Na pontifícia gregoriana
E também filosofia
E o Direito Canônico
Deixando o povo atônito
Com a sua sabedoria.
Queria ser andarilho
Evangelizador e pastor
Levando a palavra de Deus
A todo ser pecador,
Conhecia o seu ofício
No pleno do exercício
De mensageiro do amor!
Veio para o nordeste
Aos trinta e três anos
O jovem Frei Damião,
Para curar desenganos
Fortalecer com humildade
Um povo em dificuldade,
Todos os pernambucanos...
E ao povo Alagoano,
Cearenses, nordestinos
Paraibanos, potiguares,
Unidos em seus destinos
Baianos e Sergipanos
Vítimas de desenganos
Sedentos do amor divino.
E o povo do Maranhão
E do Piauí também
Receberam essa graça
E louvaram a Deus, amém...
Vivenciando as missões
Abriram seus corações
Para a caravana do bem
Que ia a muitos lugares
Na mais sagrada missão
De levar amor e paz
Para todo ser cristão
Necessitado de luz,
Carregando a sua cruz
Carente de proteção.
O mensageiro da fé
E humilde Frei Damião
Ia a lugares paupérrimos
E começava a missão
Iluminado a lamparina
Para pregar a doutrina
Quando era escuridão
As quatro da madrugada
Começava a pregação
O povo atento e devoto,
Ouvia o seu sermão
Atenuando as agruras
Dissipando as amarguras
Aliviando o coração!
E foi nas santas missões
Que nosso frei Damião
Destacou-se no nordeste
Percorrendo o sertão
De jumento ou a pé
Com um rosário de fé
E crucifixo na mão
Sem hora para comer
Regra para descansar
Atento ao exercício
De aos humildes levar
Com todo o seu fervor
Uma mensagem de amor,
Em nome de Deus rezar
Que a solidariedade
E a convivência humana
Em paz e harmonia
É da vontade soberana
Do nosso senhor Jesus
Que foi pregado na cruz
Para salvar a quem ama.
Em vilarejos e cidades
Nas caatingas e sertões
Mostrava a felicidade
Nas suas santas missões
Vivenciando obstinado
E como um abnegado
O sofrimento dos rincões
Às vezes a pão e água
Até dormindo no chão
Sem reclamar sua sina
Dedicava-se à oração
Para conversar com Deus
Como um dos filhos seus
E com ele em comunhão.
E foi pai e foi irmão,
Companheiro foi amigo,
Dessa gente tão sofrida
Que não temeu o castigo
A peste ou o desmantelo,
A quem tratou com zelo
Fosse qualquer inimigo
Fosse ameaça de morte
Fosse qualquer provação
Ameaça de jagunço
O perigo de um ladrão
Um gesto indiferente
A tempestade iminente
De relâmpago e de trovão
Era precioso o conselho
Do Santo frei Damião
Que desconhecia o medo
Dentro do seu coração
E todos os nordestinos
E todos os peregrinos
Tinha a sua proteção
Livrando-nos do naufrágio
Mantendo-nos reunidos,
Solidários e cristãos
Para não sermos vencidos.
Se cada um perdoasse
E cada um se bastasse
Sairíamos fortalecidos.
Lembro-me quando criança
Ao conhecer frei Damião
Aquele frade franzino
Fazendo visitação
Pelas ruas da cidade
Com sua fraternidade
Com toda satisfação
Seguindo o itinerário
De fé e de resignação
Em atender todo mundo
Com a mesma disposição
A mesma boa vontade
E sem qualquer vaidade
Completar a sua missão.
Sem reclamar de cansaço
De fome ou de provação
Atendia são e doente
Com a mesma devoção
E um sorriso no rosto
Que dava até gosto
Vê-lo alegre em confissão.
Ele que amava os humildes
Carentes e desassistidos
Os excluídos de Sousa
A estes era todo ouvidos,
Atento no confessionário
Um conselheiro solidário
A estes pobres sofridos.
Sua bondade suprema
Fruto da comiseração
Que tinha pelo sofrimento
Do povo sem condição
Que há muito padecia
Na miséria que crescia
Sem apoio no sertão
Com palavras de conforto
De fé e de promissão
Fortalecendo no povo
O sentimento cristão
Este soldado de cristo
Pelo povo era benquisto
Na busca da salvação
Percorrendo seus caminhos
Fosse montado a cavalo
De carro ou de charrete
Em carro de boi usado
À noite ou sol à pino
Para chegar ao destino
A um lugar desejado.
E tantos foram os perigos
E tantas as provações
Do nosso Frei Damião
Nas suas santas missões
Em cidades e lugares
Casebres, taperas e lares
De inóspitas regiões
Que lhe valeu a alcunha
De apóstolo do nordeste
De andarilho da paz!
De norte a sul, leste a oeste.
Do pedregal a restinga
Do cariri a caatinga
Zona da mata e agreste
Levando a sua mensagem
De paz e de redenção
A todos os nordestinos
Principalmente o sertão
Da gente que amava tanto
Que o chamava de santo
Que o tinha no coração
E foram tantos caminhos
Tantos espinhos pisados
Toda sorte de problemas
Por este frade enfrentados,
Na sua grande missão
Para chegar ao coração
De muitos necessitados
Muitos ateus ressentidos
Descrentes, desorientados
Ao verem Frei Damião
Diziam os seus pecados
Rogavam o seu perdão
Pediam a sua benção
Sentiam-se conquistados
Para seguirem Jesus
Em seu caminho de fé
Para seguirem o rumo
Traçado na Santa Sé
O caminho do louvor
O caminho do amor
Que fez Moisés e José!
E assim frei Damião
O Andarilho do amor
Conquistou o coração
Deste povo sofredor
Conquistou o nordestino
Devoto desde menino
Desse frade bom pastor
Deixando aqui o legado
Do peregrino da paz
Que encarou a missão
De uma forma audaz
Pregando a unidade
O caráter e a humildade
E tudo que o amor traz
Aos católicos sousenses
Aos pobres de coração
A quem pregava e orava
Pela nossa redenção
Pregando a penitência
A quem tinha prepotência,
E recebia em confissão
A todos com alegria
E fosse cristão ou não
Este era o seu ofício
Vinha do seu coração
E não era sacrifício
Expulsar o malefício
Que perturbasse o cristão.
Pregou a palavra divina
Por ela se fez missionário
Com toda sua verdade,
De Deus foi o emissário
Propagando amor e fé
Na doutrina da Santa Sé
Seguiu seu itinerário
Na cidade do Recife
Morreu quase centenário
Esse santo do nordeste
Pregador do novenário
De suas santas missões
Peregrinos e procissões,
Partindo deste cenário.
Correu o país inteiro
A notícia de sua morte
No mais profundo pesar
O povo ficou sem norte
Em comoção e espanto
Com a partida do santo,
O bom Jesus nos conforte,
Com sua misericórdia
E toda sua bondade
Conceda a frei Damião
Um servo da caridade
Que enquanto aqui viveu
Com amor desenvolveu
Sua fé com honestidade.
Dê-lhe a vida eterna
E toda a paz celestial
Pelos serviços prestados
Por esse servo leal
Que estendeu sua mão
E abriu o seu coração
Protegendo-nos do mal.
A recompensa divina
Por servir nosso senhor
Seja uma vida eterna
Ao lado do redentor
O pastor e seu legado
O ofício recompensado
No reinado do amor
Aqui termino esses versos
Louvando a Frei Damião
Cantado por repentistas
E pelo Rei do Baião
Por poetas e cordelistas
Pensadores e analistas
E por todo bom cristão
Que amava o capuchinho
Com uma fiel devoção
Por pregar a Jesus Cristo
Com o mais puro coração
Do humilde nordestino
E devoto peregrino
Brasileiro por opção
Ele que amava o Brasil
O nordeste e o sertão
Montando lombo de burro
A caminho da missão
Ganhou em muitas cidades
Outorga de autoridades
E título de cidadão.
FIM