O poder do sobrepeso
Benedita, tão vaidosa
Mulher formosa e roliça,
Era um tanto volumosa
Cheinha que nem linguiça.
E seu marido Muniz,
Satisfeito e tão feliz
Com a farta companheira,
Não trocava sua gordinha
Por nenhuma magrelinha
Cambito de baladeira.
Mas caindo na besteira
De assistir uma novela,
Espalhada na cadeira
Avistou uma magrela.
Banhada pela riqueza,
Venerada na beleza
De um mundo fictício,
Benedita traçou a meta,
Pra fazer uma dieta
Nesse momento propício.
Sem falar nada a princípio
Para o pobre de Muniz,
Tentou conter-se no vício
Daquela força motriz.
Que fazia a pobre coitada
Comer tudo sem parada
Sem freio e sem estilo,
Num regime de tortura
Diminuiu sua gordura
Em mais de quarenta quilo.
Seu marido vendo aquilo
Ficou muito chateado,
Pois o seu formoso silo
Estava sendo esvaziado.
E foi perdendo o encanto,
Amuado num recanto
Nem queria saber dela,
Separou de Benedita
E dessa dieta maldita
Que deformou sua bela.
Mas como o tempo revela
Que tudo tem solução,
E que tacho sem panela,
Não cozinha no fogão.
Bené largou o regime
Reincidindo no crime
Contrariando o povo,
Engordou mais que o dobro,
Muniz jogou um desdobro
E voltou pra ela denovo.
Foi sabendo do reprovo
Do seu marido amado,
Que Bené saiu do ovo
E percebeu o recado.
Que quem ama e não reclama
Da comida que derrama
Nas bordas da formosura,
Não merece o macete,
De quem nega seu banquete
Diminuindo a gordura.
Robson Renato 25/08/16