OLIMPÍADA NO NORDESTE

Olimpíada no Nordeste

Seria bem diferente,

Começando por discurso

Feito na base do oxente,

Vixe, meu rei e meu bichim

Linguajar de nossa gente.

A festa seria aberta

Com show de capoeira.

Ao som do xote, forró,

Cantado pela cabroeira.

Primeira modalidade

Seria futebol de poeira.

Lutas nós somente teríamos

No murro e no bofete.

A esgrima seria trocada

Por peixeira e canivete.

Poderia também haver

Ping-pong e basquete.

Os saltos ornamentais

Dados de um trampolim,

Logo seriam substituídos

Por tainhas dos bichins.

Não ia ter macho chorando

E nem fazendo pantim.

As corridas em distância

Seriam carreira por léguas.

O hipismo disputado

Por jumento, burro e égua.

Carreira desembestada,

Em que não haveria trégua.

A corrida com barreira

Será carreira com pinote.

Disputada pelos melhores

E não por qualquer pixote.

Pra atleta se hidratar

Em cada esquina um pote.

Saltos com vara seriam

Pulos com pedaços de pau.

Ia haver também capoeira

Ao som de um berimbau.

E a ginástica de solo

Quadrilha num arraial.

O nado sincronizado

Trocado por cangapé.

Surf seria carretilha

Ou até mesmo jacaré.

Maratona uma carreira

De Sobral a Canindé.

O golfe não haveria,

Seria um jogo de bila. (bola de gude)

Em um campo sem gramado

Com uns buracos na argila.

Hospedagem dos atletas

Não seria feita em vila.

No lugar da canoagem

Seria disputa de jangada.

Saindo de Aracati

A Icaraí de Amontada.

Duas novas modalidades,

Baladeira e vaquejada,

Seriam incorporadas

A essa festa arretada.

Na festa de encerramento

Teria cachaça, buchada,

Rapadura e tapioca

Muito forró pra negrada;

Shows de Castanha e Caju,

Cantando suas emboladas,

De maracatu e frevo

E também da Timbalada.

Falcão com vestes colorida

Diz: acabou-se negrada.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, SETEMBRO/2016