O GOLPE DO ACORDÃO

Miguezim de Princesa

I

Teve quem se esgoelasse

E morresse de agonia

De tanto gritar que é golpe

No Bar de Maria de Tia,

Achando que o fim do mundo

Ia ser no outro dia.

II

O doutor Tião Medonho

Quase larga a boemia,

Minha mulher tem uma parente

Que mora na Mouraria

E perdeu dois namorados

Falando em democracia.

III

O moço se aproximava

Com vontade de beijar,

Dizia umas coisas bonitas,

Mas ela já vinha falar:

- No dia que Dilma cair,

O mundo vai se acabar!

IV

Certo dia sob os lençóis,

Numa noite friorenta,

O moço estava encostando,

Mais quente do que pimenta,

Quando ela disse: - Coitada,

Vão tirar a presidenta!

V

Devendo o fundo da calça

Lá no Banco do Brasil,

Ele foi falar com ela,

Ela deu um custipio:

- Muito pior vai ser Dilma

Viver só com 5 mil!

VI

- É dinheiro muito pouco,

Não dá nem pra começar.

Se ela perder o mandato

E não puder lecionar,

Muita gente vai perder

O que ela tem pra ensinar.

VII

Ensinar a dar carreira,

Como fez com Israel,

Ainda hoje ele corre

Por causa de um papel,

Vive hoje num garimpo

Depois de Coromandel.

VIII

Vai ensinar a soberba,

Grosseria e impaciência,

A humilhar Suplicy

Que, mesmo sendo excelência,

Passou mais de quatro anos

Aguardando uma audiência.

IX

Ensinar a não ouvir,

Pois, enquanto pedalava,

Punha um fone no ouvido

E a ninguém escutava:

- Se conselho fosse bom,

Se vendia e ninguém dava!

X

Mas aí veio Renam,

Costurou um acordão,

Emendando o livro verde,

Fatiando a votação,

No Brasil nada é verdade,

Foi golpe pela metade

E viva Nossa Nação!

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 02/09/2016
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