O ANEL DE GIGES

Em sua obra, A República

Platão nos traz um relato

Sobre um homem que seria

De certa forma pacato

Até que com o poder

Dito sujeito foi ter

Um belo dia contato

Assim se deu esse fato:

Giges era morador

Lá da região da Lídia

Por ali era pastor

Naquela localidade

Ele enfrenta tempestade

E logo após um tremor

Na terra onde o tal senhor

Apascentava o rebanho

Abriu-se logo cratera

Considerável tamanho!

Desceu ali, abelhudo

A visão dele, contudo

Foi a dum cenário estranho

Sem mostrar qualquer acanho

Entrou, viu uma escultura

Era um cavalo de bronze

Onde por uma abertura

Ele olhou meio assustado

Notando um morto pelado

Dentro daquela estrutura

No dedo usava a figura

Anel de ouro luzindo

Giges, mais do que depressa

Tirou e saiu, fugindo

Mais tarde, numa assembleia

Com pastores, teve a ideia

De usar seu anel tão lindo

Estando ali assistindo

Aquela reunião

Girou por acaso o engaste

Do anel na sua mão

Viveu um momento incrível

Pois se tornou invisível

Ninguém o notava, não

Nenhum fazia menção

Ali à sua presença

Girou de novo o anel

Pra sua surpresa (imensa!)

Ficou visível de novo

No meio daquele povo

Acabou-se a indiferença

"Vejam só que recompensa!"

Pensou acerca do achado

Repetiu todo o processo

Para assim ver confirmado

O poder daquela joia

E já bolou a tramoia:

"Vai ser meu esse reinado!"

Seguro, determinado

Foi realizar seu plano

De ser o 'dono' da Lídia

Agindo feito um tirano

Pela invisibilidade

Alcançou sua vontade

No meio palaciano

Pra se tornar soberano

Seduziu logo a rainha

Assassinou o monarca

Usando o poder que tinha

Do trono fez seu assento

Ah, quanto envaidecimento

Com isso ao seu peito vinha

Nos detalhes da historinha

Reflitamos um instante:

Se ninguém estiver vendo

Cada qual a seu talante

Vai agir sem os grilhões

Das chamadas convenções?

A regra é moralizante?

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* Adaptação da lenda contada na obra "A República", de Platão.