A MOÇA DO FEICIBUQUE
Pedra- PE, 02 a 21 de março de 2016.
01 Na era das digitais
O povo conectado
Só quer vivê em sintonia
Cum mundo grobalizado;
Só se ver a agonia
A qualquer hora do dia
D’óme, menina, pivete
Faça calor, faça frio
Passando horas a fio
Bulino na internete
02 Hoje em qualquer celulá
Existe um apricativo
Que facilita o processo
Deixano mais atrativo
O uso da ferramenta
Que a eipol na aguenta
O frenezim agastado:
Todo mundo s’encurvando
Que nem porco fuçando
Com a gota no teclado.
03 Com a ascensão dessa moda
Eu também quis ficar topi
Inventei de adquirir
Um diabo de um leptopi
Por arte não sei de quê
Resolvi me astrevê
A adotar esse luque
Feit’um aventureiro
Passava o dia inteiro
Bulindo no feicebuque.
04 Num queria fazer mais nada
Nem cumer, nem trabalhar
Só ligado na parada
A conversar, navegar;
Aumentou minha obsessão
Quando certo dia então
No meu perfil encontrei
Um pedido de amizade,
Uma lindíssima beldade
Da qual logo aceitei.
05 Era uma dessas morena
De uma bela feição
De olhar tão penetrante
Que fisgou meu coração
De corpinho esculturado,
Feito à mão, desenhado
De tamanha formosura.
Parece que o Criador
Derramou todo primor
Em uma só criatura.
06 Na sua linha do tempo
Eu reparava suas foto
Na capa estava ela
Escanchada numa moto
Com as pernas descobertas
De vestidinho, abertas
Do lado que o boi não deita.
Eu do lado da minha tela
Fiquei vidrado nela
Numa posição suspeita
07 E continuava a olhar
Com vontade e alegria
Toda aquela belezura
De suas fotografia
Tinha foto de todo jeito
Mostrando o bico do peito
De biquíni, de shortinho
Por entre as coxas colado
Que me deixou gamado,
Apaixonado, doidinho.
08 Certa feita eu tava onlaine
Na sala de bate papo
Quand’elentra de repente
Chega me deu um supapo.
Meu coração deu um acoite
Ao me falar:- Boa noite!
Como vai, meu bonitão?!
Aí eu todo empolgado
Disse-lhe todo animado:
-Vou bem, meu coração!
09 E logo de supetão
Nas ondas da internete
Perguntei:- como se chama
E respondeu:- Ivete
Mas pode me chama de Bruna
Sou de São Bento do Uma,
Um excelente lugar.
Sou livre, desimpedida
Procurando na minha vida
Alguém qu’eu posso casar.
010 E botamos pra conversar
Sobre isso uns onze mês,
Ai marcamos um encontro
Pra se conhecer de vez.
No outro dia bem cedo
Já estava em Lajedo
Na cruzeta de São bento
Quando, de repente, então
Vi sair da lotação
Aquele tal monumento.
011 Ela vinha deslumbrante
Sensualmente vestida
Com um vestido vermelho
Pecado da minha vida.
Ela vinha sorridente
Com olhar tão atraente
Para minha direção,
Ao se aproximar de mim
Disse:- tu é apressadím
-Safadinho, hein bonitão!
012 Arrastou-me pela mão
Em direção a um motel
Já lá dentro do recinto
Demos beijos a granel
Que cheg’os beiços estralava.
Na hora que lhe beijava
Eu já ia desconfiando
Que toda fruta oferecida
Ou estar apodrecida
Ou tá quase começando.
013 Mesmo assim me beijava
E ficava muito lôco
Aqui, acolá sentia
Roçar em mim um pitoco
Quando a mão deslizei,
Lá embaixo e apalpei
Eu dei um grande pinote;
Seu moço, não nego não!
Quando eu meti a mão
Oia o tamãe do magote.
014 Feito um cabrito brabo
Eu dei um pulo do cão
Pulei em cima da cama
E me bolei pelo chão;
A porta do quarto quebrei
Num sei Cuma me safei
Do ferrenho buruçu,
Só vei cair minha ficha
Que se tratava duma bicha
Quando vi o peste num.
015 Olha a lapa de instrumento
Que tinha o fariseu,
Depois que vi que aquilo
Era todinho pra eu.
Dei uma carreira da peste
E pras banda do Agreste
Lá, nunca pisei mais.
Por causa de Bruna Ivete
Acabei com internete
E com redes sociais