TERRORISTA ZÉ BUCHADA

Miguezim de Princesa

I

A Paraíba é lembrada

Por ser bela e pequenina:

O mestre Humberto Teixeira

A chamou de masculina,

Caetano viu nela a lua

Com sua luz de lamparina.

II

Agora o mundo voltou

Os olhos pra Paraíba,

Pois acharam um terrorista,

Primo de Zé Carnaíba,

Que é bom de perna e de faca,

Na briga fica por riba.

III

Ele mora em Cabedelo,

Tão bonita quanto o Céu,

Costumava andar na orla

Pra comer sarapatel

E ouvia toda tarde

O Bolero de Ravel.

IV

Conheceu pela Internet

Um movimento esquisito,

Que queria mudar o mundo

No coice, tapa e no grito,

E ensinava a fazer bomba

Com buchada de cabrito.

V

Mandava pegar o bucho

E entupir de picado,

Depois com uma linha preta

Deixava bem costurado

E fazia uma bolinha

Interando o cozinhado.

VI

O tempero da buchada,

Misturado com tutano,

Pimenta-do-reino e sebo,

Coentro, cebola e Cinzano,

Botava pra cozinhar

Na panela de um cigano.

VII

É uma bomba poderosa,

Solta nitrato encardido,

Não fica ninguém por perto

E quem não morre enturido

Pode ficar quase mouco

Com o pipoco no ouvido.

VIII

Se soltar dentro de um ônibus,

Gera a maior confusão,

O motorista, enfartando,

Se mete na contramão

E o maquinista do trem

Nem chega na estação.

IX

Num jogo de bacará,

Detonaram uma buchada:

O jogador dava o choro,

Na hora da respirada,

A bomba entrou nas narinas

Que deixou a venta inchada.

X

Na diligência de ontem,

A Federal na cozinha

Encontrou bucho de bode,

Cachaça e pé de galinha,

Uma faca de cortar fumo

E um carretel de linha.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 21/07/2016
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