DESILUSÃO
Nesta vida atribulada
Não tenho mais ilusão
Parei de ser enganada
E de reclamar em vão
Pois a minha voz é muda
Posso até pedir ajuda
E tentar me reerguer
Mas, sei que neste país,
Só consegue ser feliz
Quem ao grupo pertencer.
O grupo a que me refiro
Bem pouca gente reúne
É uma espécie de vampiro
Que fere, mas fica impune
Dizima toda a esperança
Abusa da confiança
Desse povo sofredor
Que vive qual penitente
Votando pra presidente
Esperando um salvador
Minhas noites se acumulam
Nessa peleja sem fim
Os pensamentos pululam
E gritam dentro de mim
Num verdadeiro atropelo
Fruto desse pesadelo
Que vivemos dia a dia
Sem saúde e sem emprego
Não podemos ter sossego
Com essa “democracia”.
Às vezes, sinto saudade
Do tempo da Ditadura
Em que nossa liberdade
Dependia da Censura!
Tínhamos paz, entretanto,
Se, cada qual no seu canto,
Seguisse a sua missão
Sem nada questionar
Ou fazer oposição
Ao poder do militar.
Não defendo a repressão
Peço desculpa ao leitor
Se causo essa impressão
Com esse tom agressivo
De um discurso sem sabor
É porque ainda vivo
Como a gente da canção
Daquele tempo pesado
Tendo que “falar de lado”
E andar “olhando pro chão.
"[...] A minha gente hoje anda
falando de lado
e olhando pro chão..."
Chico Buarque
falando de lado
e olhando pro chão..."
Chico Buarque
Nesta vida atribulada
Não tenho mais ilusão
Parei de ser enganada
E de reclamar em vão
Pois a minha voz é muda
Posso até pedir ajuda
E tentar me reerguer
Mas, sei que neste país,
Só consegue ser feliz
Quem ao grupo pertencer.
O grupo a que me refiro
Bem pouca gente reúne
É uma espécie de vampiro
Que fere, mas fica impune
Dizima toda a esperança
Abusa da confiança
Desse povo sofredor
Que vive qual penitente
Votando pra presidente
Esperando um salvador
Minhas noites se acumulam
Nessa peleja sem fim
Os pensamentos pululam
E gritam dentro de mim
Num verdadeiro atropelo
Fruto desse pesadelo
Que vivemos dia a dia
Sem saúde e sem emprego
Não podemos ter sossego
Com essa “democracia”.
Às vezes, sinto saudade
Do tempo da Ditadura
Em que nossa liberdade
Dependia da Censura!
Tínhamos paz, entretanto,
Se, cada qual no seu canto,
Seguisse a sua missão
Sem nada questionar
Ou fazer oposição
Ao poder do militar.
Não defendo a repressão
Peço desculpa ao leitor
Se causo essa impressão
Com esse tom agressivo
De um discurso sem sabor
É porque ainda vivo
Como a gente da canção
Daquele tempo pesado
Tendo que “falar de lado”
E andar “olhando pro chão.