sou nordeste declamado
Sou nordeste declamado
Sou matuto lá da roça
Criado num pé de serra
Sentindo o cheiro da terra
Sou cabôco da mão grossa
Sou o cheiro da palhoça
Feita da palha do coco
Do pilão eu sou o oco
Da corda eu sou o laço
Sou o arado de aço
Arrancando pau e toco
Eu sou a força no braço
Do matuto lenhador
O machado cortador
Sou retrato do cangaço
Dá saudade o abraço
Matando a solidão
Sou amor e sou paixão
Sou Brasil nordestinado
Sou nordeste afamado
Do nosso rei do baião
Sou menino sou gigante
Sou gigante sou menino
Sou a pomba do divino
Sou pecado ofegante
Sou matuto ignorante
Falando muita besteira
Falando muita asneira
Vendo a seca castigar
Vendo a seca a queimar
Feito fogo de fogueira
Sou sertão sou sertanejo
Que balança, mas não cai.
Sou seu grito sou meu ai
Sou vontade sou desejo
Sou chegada sou despejo
Sou o doce da raspadura
Sou poeta sou cultura
Sou cordel sou poesia
Sou tristeza e alegria
Sou a linha que costura
Sou a chuva molhadeira
A barragem a transbordar
Sou as águas lá do mar
Sou fartura na ribeira
Sou do rio a ribanceira
Sou o olho a brilhar
Sou as flores a cheirar
Se a chuva está caindo
Sou a lua se despindo
Numa noite de luar
Sou Buíque Buiquense
Sou dá terra à semente
Sou a voz dá minha gente
Arcoverde arcoverdense
Sou Pesqueira Pesqueirense
Sou bravura nordestina
Ser poeta é minha sina
Sou Brasil poetizado
Sou nordeste declamado
Em versos que ilumina.
Diosmam Avelino- 11-07-2016